Caminho da Fé: de Franca (SP) a Aparecida (SP). Outono 2023.


CAMINHO DA FÉ

 FRANCA (SP) A APARECIDA (SP)

633 KM

07/03/2023 a 20/03/2023


Disponível em:<https://caminhodafe.com.br/ptbr/blog/2019/09/02/ramal-franca/>. 

Dias

Trechos Percorridos

km/dia

1º dia

07/03

Franca (SP) a Patrocínio Paulista (SP)

28

28

28 km

2º dia

08/03

Patrocínio Paulista (SP) a Itirapuã (SP)

20

74

102 km

Itirapuã (SP) a São Tomás de Aquino (MG)

30

São Tomás de Aquino (MG) a S. S. do Paraíso (MG)

24

3º dia

09/03

São Sebastião do Paraíso (MG) a Itamogi (MG)

31

78

180 km

Itamogi (MG) a Monte Santo de Minas (MG)

18

Monte Santo de Minas (MG) a Milagre (MG)

16

Milagre (MG) a Arceburgo (MG)

13

4º dia

10/03

Arceburgo (MG) a Tapiratiba (SP)

32

54

234 km

Tapiratiba (SP) a Caconde (SP)

22

5º dia

11/03

Caconde (SP) a Divinolândia (SP)

25

25

259 km

6º dia

12/03

Divinolândia (SP) a São Roque da Fartura (SP)

41

57

316 km

S. Roque da Fartura (SP) a Águas da Prata (SP)

16

7º dia

13/03

Águas da Prata (SP) a Andradas (MG)

35

35

351 km

8º dia

14/03

Andradas (MG) a Serra dos Lima (MG)

16

43


 394 km

Serra dos Lima (MG) a Barra (MG)

6

Barra (MG) a Crisólia (MG)

14

Crisólia (MG) a Ouro Fino (MG)

7

9º dia

15/03

Ouro Fino (MG) a Inconfidentes (MG)

8

48

442 km

Inconfidentes (MG) a Borda da Mata (MG)

21

Borda da Mata (MG) a Tocos do Mogi (MG)

19

10º dia

16/03

Tocos do Mogi (MG) a Estiva (MG)

21

21

463 km

11º dia

17/03

Estiva (MG) a Consolação (MG)

18

18

481 km

12º dia

18/03

Consolação (MG) a Paraisópolis (MG)

47

47

528 km

Paraisópolis (MG) a Luminosa (MG)

13º dia

19/03

Luminosa (MG) a Campos do Jordão (SP)

40

40

568 km

14º dia

20/03

Campos do Jordão (SP) a Aparecida (SP)

65

65

633 km



1º dia

07/03

Franca (SP) a Patrocínio Paulista (SP)

28 km


No mesmo dia em que a Lua passou da fase crescente à fase cheia, imprimi as primeiras pedaladas pelo Caminho da Fé - Ramal Oeste - que liga Franca (SP), situada no Extremo Nordeste do Estado de São Paulo, a Aparecida (SP), assentada no Vale do Paraíba Paulista. 

Deslumbrantes 633 quilômetros foram percorridos em 14 dias, ora sob bátegas cujos pingos se assemelhavam a bagos de uvas; ora sob um calor demencial, sensação de pedalar em região com o pior clima da Terra.

Cheguei a Franca (SP), na véspera da partida, vindo de Brasília (DF), onde moro faz 52 anos.

Hospedagem no Imperador Palace Hotel, escolhido por ficar distante 1,5 quilômetro da Vila Aparecida, local de emissão da credencial que, ao longo do trajeto, recebeu carimbos das diversas localidades pelas quais passei. Ao término do Caminho, foram registradas 56 marcas, ficando a cartela 100% completa.

Foto: Fernando Mendes.

Às 8h de uma manhã nublada e com ameaça de chuva a qualquer momento, estava defronte a um singelo monumento em homenagem à N. Sr.ª Aparecida, localizado à Avenida Distrito Federal. 


Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Uma placa com seta amarela e presa a um poste, indica a direção a seguir. Da Avenida Distrito Federal, dobrei à direita e ingressei na diminuta Rua José Rodrigues dos Santos e logo convergindo - de acordo com seta amarela amarrada a um poste - à esquerda na Rua Rio Grande do Sul. 

Até conseguir me livrar do trânsito confuso - principalmente na área central de Franca (SP) - pedalei por quase uma hora até o piso de asfalto ceder lugar à estrada em leito natural, bem larga e plana, à semelhança de uma pista de aeroporto categoria C, que suporta pequenos monomotores pesando até 5.700 kg.

Foto: Fernando Mendes.

O solo encharcado do temporal ocorrido na véspera da minha chegada a Franca (SP), apresentava muitos trechos alagados nas margens; no centro, lama em trechos pontuais. 

Pedalava ao som da passarada e respirava a tragos ar repleto de umidade e odor de terra molhada. Ambiente deveras bucólico e singelo.

No entanto, após passar pela entrada da propriedade pertencente à dupla sertaneja Rio Negro & Solimões, a singeleza do ambiente deu lugar ao caos. Parei a bike. Silêncio das rodas. À minha frente havia um lamaçal que se estendida por algo em torno de 400 metros ou pouco mais. 

Não foi tarefa fácil atravessar aquele trecho com bike pesada e lama até as canelas. Mas consegui. Porém ao me livrar daquele pântano, as rodas ficaram travadas devido ao acúmulo de terra. 

Fui salvo por uma poça d'água e, com a mão espalmada, joguei precioso líquido no garfo e na estrutura traseira, aliviando as rodas, que voltaram a girar, porém, com alguma dificuldade.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Toquei em frente e logo apareceu uma seta amarela indicando conversão à esquerda. Ingressei noutro trecho deveras castigado pela lama. As rodas voltaram a ficar presas. 

A solução foi empurrar a bike até encontrar outra poça com água enlameada e repetir a operação de liberar rodas. Consegui, mas foi por pouco tempo.

Com os dedos indicadores fui arrancando nacos de lama e consegui roda livre, para encarar um trecho - felizmente - em descida moderada até alcançar o calçamento da cidade de Patrocínio Paulista (SP). 

E fazendo-me valer de um ditado tão velho quanto o mundo, "tudo que está ruim, pode piorar", naquele momento, desabou uma chuva em cascata solta, com pingos à semelhança de bagos de uvas, deixando o piso impraticável para continuar pedalando. 

Cheguei a Patrocínio Paulista (SP) empurrando a bike, com as rodas travadas devido à lama que grudou pelo quadro. Estava bastante ensopado e enlameado até os ossos.

Num posto BR recebi uma notícia ruim. Era feriado na cidade e o comércio - incluindo as bicicletarias - estava fechado. Restou-me ir para o Hotel Avaí, tomar um merecido banho no qual me pareceu ter mudado de pele. Fui, a passos e sob chuva leve, almoçar no maravilhoso Adega Bar e Restaurante. 

No estabelecimento, o garçom que me atendeu indicou a Bicicletaria do Luisinho. Infelizmente fechada naquele dia por conta do feriado municipal (aniversário da emancipação política, ocorrida em 10/03/1885).

Retornei ao Hotel Avaí, dormi até o entardecer e voltei ao Adega Bar e Restaurante para tomar umas cervejas, enquanto fazia hora no aguardo do jantar. Chovia levemente lá fora.

O 1º dia brilhou pela ausência. A ver os próximos. 

Aparecida (SP) a 605 quilômetros.
 

2º dia

Patrocínio Paulista (SP) 

a São Sebastião do Paraíso (MG)

74 km


Bem cedo estava à porta da Bicicletaria do Luisinho, sujeito boa praça, que me atendeu de pronto, lavou a bike e lubrificou a corrente.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

De volta ao Hotel Avaí, arrumei meus haveres e parti às 9h 30 rumo a recôndita Itirapuã (SP), 20 quilômetros à frente, trajeto fácil e percorrido em apenas uma hora. A chuva ficou adormecida. O destaque local é a Igreja de Nossa Senhora Aparecida. 

Foto: Fernando Mendes.

Parada num empório local para reabastecer as garrafas com água, e viagem que segue, na direção de São Tomás de Aquino (MG), 30 quilômetros adiante, com caminho flanqueado por plantações de café.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

A chegada a São Tomás de Aquino (MG) aconteceu às 13h 18, almoço num self service defronte à Igreja Matriz de São Tomás de Aquino.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Após fotos e almoço, tomei a direção de São Sebastião do Paraíso (MG), os derradeiros 24 quilômetros daquele segundo dia de jornada.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Nuvens ameaçadoras contrastavam com os cafezais, que parecem tocar o horizonte. Felizmente o caminho apresentou poucos trechos enlameados e a chegada a São Sebastião do Paraíso se deu às 16h 05. 

Foto: Fernando Mendes.

Estada no Hotel das Acácias. À noite, enquanto jantava, a luz do restaurante se apagou após um flash de relâmpago, a trovoada retumbou num espaço de 1 segundo. O raio caiu ali perto e logo a iluminação foi reestabelecida.

Cheguei ao Hotel das Acácias parecendo um pardal na chuva.

Aparecida (SP) a 531 quilômetros.

3º dia

São Sebastião do Paraíso (MG) 

a Arceburgo (MG)

78 km


Paróquia Nossa Senhora da Abadia
em São Sebastião do Paraíso (MG).
Foto: Fernando Mendes.

Após esplêndida noite de sono ininterrupto por 12 horas e saboroso café da manhã, parti da simpática São Sebastião do Paraíso (MG) - às 9h - para cumprir a primeira etapa daquele dia: 31 quilômetros, pela BR-491, em trecho asfaltado, com pista simples e pouco movimentada até Itamogi (MG).

Foto: Fernando Mendes.

A altimetria não assusta, embora a maior parte do trajeto seja formada por ascensões suaves, embora longos. A paisagem é mesclada pelos cafezais e muitos bovinos soltos no pasto a mastigar capim.

O tempo estava bom, céu cheio de nuvens, algumas esparsas, outras mais afastadas e sem formas definidas. Foi o primeiro dia sem chuvas.

Foto: Fernando Mendes.

Abandonei a BR-491 no trevo de acesso a Itamogi (MG), às 10h 49, e ingressei no perímetro urbano daquele município tão desconhecido quanto Marte. Fui à Praça São João Batista, onde está localizada a Igreja de São João Batista.

Igreja de São João Batista
em Itamogi (MG). Foto: Fernando Mendes.

Aproveitei para fazer uma merenda rápida num empório na rua lateral à igreja, reabasteci as garrafas com água e toquei em frente na direção de Monte Santo de Minas (MG), 18 quilômetros adiante em leito natural (terra).

O piso está bastante compactado, subidas e descidas se igualam e os cafezais comandam a paisagem.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Sem maiores percalços, cheguei a Monte Santo de Minas (MG) às 13h, parando no Restaurante Gat Grill para almoço [bem fraco]. Mas como a fome estava grande, não quis procurar por outros estabelecimentos.

Terminada a refeição, encostei a bike defronte à Igreja Matriz de São Francisco de Paula, indo fotografá-la.

Igreja Matriz de São Francisco de Paula em Monte Santo de Minas (MG).
Foto: Fernando Mendes.

Às 13h 57, com o tempo mudando rapidamente para nublado e com nuvens de base escuras na minha vertical, tomei a direção de Milagre, distrito de Monte Santo de Minas (MG), 16 quilômetros à frente.

Os primeiros três ou quatro quilômetros, foram feitos em asfalto, em rodovia estreita, sem acostamento, mas com calçada em ambos os lados. 

Logo teve início o trecho em leito natural, com uma descida contínua e flanqueada por canaviais que, em alguns trechos, de tão altos, os ramos das canas-de- açúcar se tocam e formam pequenos túneis.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Terminada essa longa descida, vem uma subida cascuda e nesse sobe e desce, com piso enlameado nas bordas, movimento razoável de veículos e amaça de chuva, cheguei rapidamente à pequena Milagres, distrito de Monte Santo de Minas (MG).

Disponível em: <https://guaxupe.org.br/paroquias/paroquia-nossa-senhora-dos-milagres>. Acesso: 21/06/2024.

No Restaurante Lázaro e Família detonei uma Coca-Cola, algumas paçocas de rolha e, sem tardança, saí para os 13 quilômetros finais até Arceburgo (MG), percorridos em leito natural numa estrada que está passando por obras de asfaltamento.

Às 16h 18, atravessei o Portal Arceburgo, encerrando o terceiro dia de jornada pelo Caminho da Fé Ramal Franca (SP). 

Choveu a noite toda, castigando com a força de uma artilharia as vidraças do quarto e as costas quadradas do aparelho de ar-condicionado. Felizmente uso tapadores auditivos. Não viajo sem eles; não vivo sem eles.

Foto: Fernando Mendes.

Estada maravilhosa no Hotel David. Jantar delicioso na Pizzaria Talliaris.

Balanço do terceiro dia pelo Caminho da Fé - Ramal Franca (SP): 78 quilômetros percorridos na tranquilidade, felizmente sem chuvas e atravessando uma região inédita para meus pavilhões oculares, com cafezais em profusão e canaviais a perder de vista.

Aparecida (SP) a 453 quilômetros.

4º dia

Arceburgo (MG)

a Caconde (SP)

54 km


Às 8h estava dando as primeiras pedaladas, deixando a simpática Arceburgo (MG) para trás e tomando a proa de Tapiratiba (SP). Optei seguir pelo asfalto da Rodovia MG-449, uma vez que as informações acerca do trecho entre Arceburgo (MG) a Caconde (SP) não foram animadoras.

Com 40 minutos de pedal cheguei à divisa MG/SP. Às 10h atravessei parte da cidade de Mococa (SP), com bastante movimento e setas amarelas balizando o caminho.

Ingressei na Estrada Municipal Igaraí (asfalto) e nela me mantive até o entroncamento com a Rodovia SP-350 e rapidamente cheguei a Tapiratiba (SP).

Foram 33 quilômetros percorridos placidamente em duas horas e meia de pedal nonstop.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
 
Almoço delicioso no Restaurante da Silvana, ambiente bem decorado, toalhas sobre as mesas, deveras ventilado e muito organizada a distribuição das mesas e cadeiras. Percebe-se que é comandado por uma mulher.

Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/place/Restaurante+Da+Silvana>. Acesso: 30/06/2024.

Alimentado com dignidade, voltei ao Caminho da Fé, percorrendo os 14 quilômetros finais e chegando a Caconde (SP), às 15h 40.

À exceção da tumultuada travessia da cidade de Mococa (SP), os 54 quilômetros do 4º dia foram bem tranquilos. Altimetria suave e nada de chuva. Felizmente. 

Estada no Hotel e Restaurante Alvorada, a poucos passos da Basílica e Santuário Nossa Senhora da Conceição.

Basílica e Santuário Nossa Senhora da Conceição. Caconde (SP).
Foto: Fernando Mendes.

Refeição no hotel, caminhada pela área central e cama. No dia seguinte, Morro do Cigano para vencer, uma das subidas mais íngremes do Caminho da Fé.

Aparecida (SP) a 399 quilômetros.

5º dia

Caconde (SP)

a Divinolândia (SP)

25 km


Fonte: https://pt.wikiloc.com/trilhas-mountain-bike/caminho-da-fe-5o-dia-de-caconde-sp-a-divinolandia-sp-132985241>. Acesso: 30/06/2024.

Pouco depois das 9h, iniciei o quinto dia da jornada pelo Caminho da Fé - Ramal de Franca (SP). O tempo estava emburrado e com cara de chuva. Felizmente foi melhorando aos poucos e o vento tratou de varres as nuvens "emburradas" para longe do caminho.

Após a travessia do Bairro Jardim da Nova Estância, começou o trecho em leito natural, que se estendeu até Divinolândia (SP). 

Os primeiros quilômetros foram paralelos ao Rio Pardo. Quando o paralelismo caminho/rio terminou, após a travessia da ponte sobre o curso d'água, conversão à esquerda em 90º, iniciando a subida do Morro do Cigano. Começava a travessia da Serra da Mantiqueira.

Apesar da inclinação absurda, a extensão é de apenas dois quilômetros. Em alguns trechos, em virtude do peso da bike, com um par alforjes, e a sapatilha derrapando no piso deveras escorregadio, fui empurrando e o tempo gasto - entre pedalar e empurrar - foi de duas horas.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

A subida atravessa muitos cafezais e diversas propriedades rurais. À medida que subia - às vezes empurrava a bike - a paisagem descortinava-se e pude respirar a tragos ar da melhor qualidade.

Vencido Morro do Cigano, veio uma descida forte, alívio para as pernas, enquanto o estômago clamava por víveres. Salvo pelo Sítio Boa Vista, que ofereceu farto almoço, providencial reforço para encarar uma sucessão de subidas fortes até atingir 1.308 m de altitude. 

Quando a estrada inclinou fortemente para baixo, numa descida com pedras soltas e valas provocadas pelo escoamento das águas das chuvas (sulcos), Divinolândia (SP) apareceu quieta, dentro de um vale extenso.

Por volta das 16h fiz check-in no Hotel Lunayama, com aspecto descuidado e precisando de manutenção, a começar pela imensa infiltração na parede paralela à escada que dá acesso aos quartos.

Fui a passos dar uma volta pela cidade e conhecer a Paróquia Divino Espírito Santo.

Jantei no Pedrinho Restaurante e Churrascaria, algumas cervejas e retorno à estalagem. 

A distância percorrida foi pouca [33 km] mas a altimetria judiou bastante. Foi um dia de pedal à vera.

Aparecida (SP) a 374 quilômetros.


Paróquia Divino Espírito Santo.
Foto: Fernando Mendes.

6º dia

Divinolândia (SP)

a Águas da Prata (SP)

57 km


Disponível em: <https://pt.wikiloc.com/trilhas-mountain-bike/caminho-da-fe-6o-dia-de-divinolandia-sp-a-aguas-da-prata-sp-132985284>. Acesso: 30/06/2024.

Após um café da manhã bem mais ou menos, deixei Divinolândia (SP) às 8h 48 e logo apareceram as setas amarelas indicando o rumo a seguir.

Estava ciente que atingiria, nas proximidades de São Roque da Fartura - distrito de Águas da Prata (SP), altitudes acima de 1.500 m. Divinolândia (SP) está a 1.048 m de altitude.

Etapa repleta de subidas do 20º ao 40º quilômetro. Felizmente o tempo estava bom e a temperatura, por conta das altitudes acima dos 1.000 m, se mostrava bastante civilizada .

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Às 11h, na Pousada e Restaurante Vale San Juan, 18 quilômetros após a saída de Divinolândia (SP), parei para conhecer o lugar e o aroma da comida me fez almoçar, mesmo tão cedo. Não resisti.

Precisava estar bem alimentado, pois as subidas, a partir do San Juan, são cascudas e me levaram da cota 962 m à cota 1.516 m, em exatos 20 quilômetros de extensão, quando aconteceu a chegada a São Roque da Fartura - distrito de Águas da Prata (SP). 

Em São Roque cultiva-se um café de qualidade por conta da elevada altitude. 

Faltavam 12 quilômetros para chegar a Águas da Prata (SP). Saí do tramo principal do Caminho e optei seguir pelo asfalto da Rodovia SP-342, evitando, dessa forma, uma descida 12 quilômetros morro abaixo, com piso repleto de pedras soltas e buracos abertos pelas recentes chuvas. 

A Rodovia SP-342 está com asfalto novo e a gravidade levou bike até o perímetro urbano de Águas da Prata (SP). Parando providencial no Laticínios Prata, minha loja favorita naquela cidade. Café expresso de qualidade com doce de leite produzido na fazenda dos proprietários daquele empório.

Estada no Prata Ideal Hotel, mas antes uma parada na Pousada do Peregrino para receber outro carimbo no passaporte.

À noite fui conhecer o Armazém Dezoito 86 e degustar um filé de tilápia, acompanhado de arroz, feijão e salada. Merecida refeição após um dia puxado.

Aparecida (SP) a 317 quilômetros.

7º dia

Águas da Prata (SP)

a Andradas (MG)

35 km


Disponível em: <https://pt.wikiloc.com/trilhas-mountain-bike/caminho-da-fe-7o-dia-de-aguas-da-prata-sp-a-andradas-mg-132985314>. Acesso: 30/6/2024.

Após o café da manhã, fui à Bicicletaria Referenc Bike Shop para substituição das pastilhas de freio, regulagem das marchas e limpeza/lubrificação da corrente. Como o trecho daquele dia - Águas da Prata (SP) a Andradas (MG) - foi reduzido, tranquilamente saí às 11h.

Foto: Fernando Mendes.
Segui pela Avenida Washington Luís e, após a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, conversão à esquerda, atravessei a linha férrea, conversão à direita, alguns metros na Rodovia SP-342 e conversão à esquerda, para ingressar na Rua Dulce Celisa da Costa Oliveira, uma ladeira bem empinada, com cerca de dois quilômetros, que termina quando o caminho passou a ser em leito natural.

Estação Ferroviária em Águas da Prata (SP). Foto: Fernando Mendes.
Estação Ferroviária em Águas da Prata (SP). Foto: Fernando Mendes.

Embora a parte mais dura da subida tenha passado, o terreno continuou com inclinação modesta em ascensão contínua. Não demorou - talvez uns seis quilômetros - e a Igreja Sagrado Coração de Jesus passou à minha esquerda.

Igreja Sagrado Coração de Jesus. Foto: Fernando Mendes.
Igreja Sagrado Coração de Jesus. Foto: Fernando Mendes.

Após a capela, a mata que flanqueia o caminho se abre e os primeiros contrafortes da Mantiqueira se mostram em plenitude, com suas rochas graníticas e restos de Mata Atlântica nas partes elevadas.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

A partir daquele ponto, o caminho se eleva continuamente até o 20º quilômetro, na cota altimétrica de 1.386 m. Alguns trechos são sombreados; outros são em área descampada.

A subida termina no acesso ao Pico do Gavião. Logo a seguir, atravessei um pequeno córrego, com águas limpas e friíssimas. A Capela Sagrado Coração de Jesus passou à minha direita. 

Parada para orar e agradecer por tudo que tenho nesta vida, uma vida abençoada, com mãe querida, duas filhas maravilhosas, que me deram quatro lindas netas, além de dois irmãos e uma irmã muito queridos. 

Capela Sagrado Coração de Jesus. Foto: Fernando Mendes.

Atravessei a divisa SP/MG e, logo após a Pousada Iamaká, não dobrei à direita, conforme uma seta amarela indica. Como esse trecho eu conheço bem, preferir seguir por uns 500 metros, entrar na Rodovia BR-146 e descer os 10 quilômetros finais pelo asfalto. 

Pelo Caminho da Fé, esses quilômetros finais são sofríveis, devido às pedras soltas e muitas valas (voçorocas). Por isso preferi o asfalto ao leito natural.

Chegando à área central de Andradas - eram 15h 30 - parada para fotos da Igreja de São Sebastião.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Segui para o Andradas Palace, fiz o check-in, deixei meus haveres no quarto e fui ao terraço aproveitar a piscina.

À noite fui ao Sushi Gunkan Bar e degustei saborosa comida japonesa.

Apesar da quilometragem diminuta entre Águas da Prata (SP) e Andradas (MG) - apenas 30 quilômetros - as subidas marcaram os primeiros 20 quilômetros; depois 10 quilômetros para baixo. Esse trecho é um dos mais belos do Caminho da Fé.

Aparecida (SP) a 282 quilômetros.

8º dia

Andradas (MG)

a Ouro Fino (MG)

43 km


https://pt.wikiloc.com/trilhas-mountain-bike/caminho-da-fe-8o-dia-de-andradas-mg-a-ouro-fino-mg-132985365>. Acesso: 30/06/2024.

Por volta das 9h, estava a caminho da saída de Andradas (MG), com trânsito confuso à semelhança de cidades indianas. 

As primeiras pedaladas foram pela BR-146 e logo após transpassar a ponte sobre o Rio Jaguari Mirim, ingressei no leito natural.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Uma dezena de quilômetros à frente, parei na Gruta Nossa Senhora de Lourdes. Um regato, que passa atrás da pequena capela, tem água fresca e saborosa. Parada para reabastecer e me preparar para a subida da Serra dos Limas, uma obstinada ascensão de138 metros em apenas 1,5 quilômetro.

Empurrei a bike com dignidade. O piso foi asfaltado para melhorar a tração às rodas dos veículos e aos pés dos caminhantes (peregrinos).

No topo, a recompensa: Lanchonete Mirante, o Sabor das Alturas, a pausa que refresca.


Foto: Fernando Mendes.
Vista da Lanchonete Mirante, o Sabor das Alturas.
Foto: Fernando Mendes.
Vista da Lanchonete Mirante, o Sabor das Alturas. Ao fundo, no vale, Andradas (MG).
Foto: Fernando Mendes.

Terminado o lanche, voltei à lida do pedal, parando quatro quilômetros adiante na Pousada da D. Natalina, estalagem na qual fiz alguns pernoites nas minhas andanças pelo Caminho da Fé. Infelizmente ela não estava. Carimbei o passaporte e continuei. Poucos quilômetros à frente, encarei a temida Subida do Sabão, que tem piso escorregadio e deveras inclinada. Novamente empurrei a bike com altivez.

Ao término da subida "ensaboada", pedalei seis quilômetros e me deparei com um cenário horrendo: o leito do Caminho da Fé, nos quilômetros que se seguiram até alcançar o modesto distrito de São Pedro da Barra, me pareceu ter sido vítima de um bombardeio aéreo. Imensas valas foram abertas com a força da enxurrada dos dias anteriores. Alguns buracos tinham 1,5 metro de profundidades e outros um pouco mais.

Água em profusão rolava pelas laterais do caminho e escoavam para dentro das "crateras". Alguns motoristas tentaram ziguezaguear pelas valas, mas não conseguiram. 

Impossível pedalar sob tais condições, principalmente por se tratar de uma descida forte. Desci da bike e fui contornando as voçorocas por mais de dois quilômetros.


Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Quando cheguei à parte baixa de Barra, as condições da estrada melhoraram. Parei num empório defronte a um campo de futebol. Infelizmente não consegui almoçar. As refeições têm que ser agendadas e eu desconhecia essa prática da casa. Da última vez que por lá passei (2018) não existia essa "regra". Eram 14h 30.

Distrito de Barra. Foto: Fernando Mendes.

Contentei-me com duas coxinhas, uma Coca-Cola enlatada e segui na proa de Crisólia, distrito de Ouro Fina (MG), 16 quilômetros à frente. Talvez conseguisse almoço no Bar da Zetti. Quebrei a cara. A Zetti estava com o restaurante fechado, mas consegui carimbo no passaporte.

Igreja Matriz em Crisólia. Foto: Fernando Mendes.

Os sete quilômetros finais até Ouro Fino (MG) foram asfaltados e a chegada ao Monumento Menino da Porteira aconteceu às 16h 25.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Esse Menino e sua história tornaram o município muito conhecido por meio da canção "Menino da Porteira", de autoria de Teddy Vieira e Luizinho, imortalizada na voz do cantor sertanejo Sérgio Reis. 

A estátua tem dez metros de altura e caracteriza muito bem o Menino: pés descalços, calça dobrada, o inseparável chapéu de palha, um aceno com a mão esquerda estendida e sorriso cativante. 

Impossível não se lembrar de partes da canção: “obrigado boiadeiro, e que Deus vá lhe acompanhando”. "Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino, de longe eu avistava a figura de um menino". 

Essa música atravessou décadas e continuará a atravessar, assim como Asa Branca, imortalizada na voz de Luís Gonzaga.

Estada na Pousada Canto de Minas. Recomendo.

Aparecida (SP) a 239 quilômetros.


9º dia

Ouro Fino (MG)

a Tocos do Mogi (MG)

48 km


Disponível: <https://pt.wikiloc.com/trilhas-mountain-bike/caminho-da-fe-9o-dia-de-ouro-fino-mg-a-tocos-do-mogi-mg-132985419>. Acesso: 30/06/2024.

Às 9h estava defronte à Igreja Nossa Senhora de Fátima e São Francisco de Paula. Sua construção começou em 1927 e substituiu uma rústica capela que ocupava o local (feita em homenagem a São Francisco de Paula, que deu origem ao município, em 1746).

Foto: Fernando Mendes.

Após fotos, segui na direção de Inconfidentes (MG), oito quilômetros à frente, chegando às 10h. Parada obrigatória no Bar do Maurão, sujeito boa praça, muito gentil e atencioso com ciclista e caminhantes. O pastel servido em seu empório é inigualável. Ele é profundo conhecedor do Caminho da Fé. 

Durante 25 anos, o Maurão fez a peregrinação, a passos, até Aparecida (SP). Passaria o dia ali conversando com ele. Assuntos não faltariam. Carimbo no passaporte e um abraço afetuoso na despedida. 

Igreja Matriz em Inconfidentes (MG). 
Foto: Fernando Mendes.

Borda da Mata (MG), a capital nacional do pijama, foi a próxima parada. Na saída de Inconfidentes (MG), pedalei poucos quilômetros pela Rodovia MG-295. Logo uma seta amarela indicava conversão à esquerda. 

Saí do asfalto e ingressei no leito natural, pedalei por 28 quilômetros entre subidas e descidas leves até alcançar Borda da Mata (MG), com parada providencial no Café Vovó Iza, na chegada a Borda da Mata (MG). Trata-se de um empório da melhor qualidade, que serve quitutes variados e um café expresso maravilhoso.

Foto: Fernando Mendes.

Pretendia almoçar no Restaurante Casarão, mas a fome não aguentou até lá. Almocei no Vovó Iza.

Ao transpassar a área central de Borda da Mata (MG), impossível ficar indiferente à Igreja Nossa Senhora do Carmo.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Às 13h 45 tomei a direção de Tocos do Mogi (MG), 17 quilômetros a percorrer, dos quais uns quatro em obstina ascensão, que termina na Porteira do Céu. 

Da última vez que fiz esse trecho (2018) consegui vencer essa subida insana pedalando. Desta feita, a um quilômetro do topo, ao parar na propriedade da Família Xavier para reidratação, joguei e a toalha e terminei o ascenso empurrando a bike. O calor me derrotou.

Foto: Fernando Mendes.
Porteira do Céu. 1.044 m de altitude. Foto: Fernando Mendes.

Após a Porteira do Céu, oito quilômetros morro abaixo e ingressei no perímetro urbano da pequena Tocos do Mogi (MG).

"O nome da cidade não deriva da palavra toco (madeira) e sim da palavra grega "tokos" que, segundo o Aurélio, significa "ação de conceber", ou seja, onde o Rio Moji ou Mogi é concebido, onde ele nasce". 

"O Rio Mogi-Guaçu nasce na cidade vizinha, Bom Repouso MG”.


Fonte: Guia Caminho da Fé para ciclistas e caminhantes. 
Antônio Olinto e Rafaela Asprino, 4ª Edição, p.107.
Foto: Fernando Mendes.
Igreja Nossa Senhora Aparecida. Foto: Fernando Mendes.

Cheguei às 16h e acomodei-me na Pousada São Geraldo, simples, mas limpa e confortável. À noite jantei no Sabor da Casa e Pizzaria e cama. O dia seguinte foi cascudo.

Aparecida (SP) a 191 quilômetros.


10º dia

Tocos do Mogi (MG)

a Estiva (MG)

21 km


Disponível em:<https://pt.wikiloc.com/trilhas-mountain-bike/caminho-da-fe-10o-dia-de-tocos-do-mogi-mg-a-estiva-mg-132985515>. Acesso: 30/06/2024.

Na saída de Tocos do Mogi (MG) uma subida insana de quatro quilômetros deu o tom daquele dia 16/03/2023. 

O término do ascenso se deu numa espécie de parada de ônibus, instalada pela Associação Caminho da Fé, um ponto de descanso anexo a uma capela.


Foto: Fernando Mendes.

Pausa de alguns minutos, pois o calor estava abrasador. E veio um trecho relativamente plano, uns quatro quilômetros e, em seguida, uma descida alucinante na qual os freios são testados quase à exaustão. 

Havia percorrido parcos 11 quilômetros e o calor era abrasador. Respirei e encarei quatro quilômetros de uma subida à vera - sem empurrar -, mas terminei quase desfalecido. A paisagem é deveras maravilhosa.


Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Felizmente os quilômetros finais aconteceram em descida contínua e cheguei à pequena Estiva (MG), a capital do morango, às 14h 28. Não estava em condições de seguir. Almocei no Bar e Restaurante do Trevo e me acomodei na Pousa Poka. O calor me derrotou. 

Banho gelado e uma volta pela praça principal, onde está a Paróquia Nossa Senhora Aparecida.

Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Foto: Fernando Mendes.

Estiva é, no caso, segundo o dicionário Aurélio, uma ponte feita sobre um pau, sobre forquilhas, em terrenos alagadiços ou pantanosos. Foi daí que surgiu o primeiro nome da região: Pântano da Estiva.

Fonte: Guia Caminho da Fé para ciclistas e caminhantes. 

Antonio Olinto e Rafaela Asprino, 4ª Edição, p.112.


Consolação (MG) ficou para o dia seguinte. Existem horas que é preciso parar e não exceder os limites físicos e mentais. Meu corpo agradeceu.


Foto: Fernando Mendes.
Aparecida (SP) a 170 quilômetros.

11º dia

Estiva (MG)

a Consolação (MG)

18 km


Disponível em:< https://pt.wikiloc.com/trilhas-mountain-bike/caminho-da-fe-11o-dia-de-estiva-mg-a-consolacao-mg-132985578>. Acesso: 30/06/2024.

Devidamente recuperado da derrota do dia anterior, mas sem perder a dignidade, deixei a pacata Estiva (MG), às 9h 35.

O dia estava magnífico, com céu limpo, repleto de Sol, sem nuvens e a temperatura em agráveis 23°C.

Desci a rua da Praça Francisco Ribeiro Pereira e ingressei na  Avenida Gabriel Rosa, que desemboca na Rodovia Fernão Dias (BR-381). Atravessei a passarela suspensa e saí na Rua Messias Pereira Coutinho, início do trecho em leito natural rumo a Consolação, 18 difíceis quilômetros adiante.

Travessia da Rodovia Fernão Dias (BR-381). Foto: Fernando Mendes.

A caminho de Consolação (MG). Foto: Fernando Mendes.

Os 11 quilômetros iniciais foram fáceis e percorridos em trecho com piso bem compactado e predomínio de planuras.

Foto: Fernando Mendes.
Plantação de morangos. Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

A partir do 12º quilômetro a alegria acabou. O caminho empina fortemente para cima. É o início da Serra do Caçador, com cinco quilômetros de ascensão e pavimentada com bloquetes sextavados, que garantem tração às rodas e aos pés. Subida difícil e flanqueada por belíssima paisagem, com a Mantiqueira ao fundo.

Serra do Caçador. Foto: Fernando Mendes.
Serra do Caçador. Foto: Fernando Mendes.
Serra do Caçador. Foto: Fernando Mendes.
Serra do Caçador. Foto: Fernando Mendes.
Serra do Caçador. Foto: Fernando Mendes.
Lanchonete Janela do Céu, ao término da subida da Serra do Caçador. 
Foto: Fernando Mendes.

Ao atingir o topo, um bálsamo para as pernas e pulmões: a Lanchonete Janela do Céu, a pausa que refresca, reconforta e descansa. 

Do mirante observei o vale por onde corre a Rodovia Fernão Dias (BR-381), tendo a dimensão exata dos 300 metros de ascensão em cinco quilômetros de subida. O esforço foi recompensado pela paisagem à roda.

Fiz um lanche à base de frutas e encarei outro trecho em subida curta, quando atingi 1.252 m de altitude, a maior altitude daquele 11º dia de jornada pelo Caminho da Fé - iniciado em Franca (SP), há 11 dias.

Foto: Fernando Mendes.

Após atingir a altitude máxima, o caminho apresentou forte descida, que me levou à entrada de Consolação (MG). Eram 15h e estava famélico.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

No início do calçamento, à direita, parei no Santo Sabor Restaurante. Degustei deliciosa lasanha, feita com massa caseira. Um deleite depois de vencer a cascuda Serra do Caçador.

Hospedagem na Pousada da D. Elza, uma senhora deveras simpática que administra essa estalagem acolhedora faz muitos anos. Arrumei meus haveres no quarto e saí para uma volta.

A Igreja Matriz de Consolação (MG) fica defronte à pousada. Parada para fotos. Em 5 edições pelo Caminho da Fé, essa foi a primeira vez na qual a igreja estava aberta à visitação.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Continuei a caminhada olhando atentamente para o ponto cardeal Oeste, onde o Sol havia baixado fazia pouco tempo. Era o segundo dia de Lua Nova. Esperei a claridade diminuir e logo ela apareceu, quase no horizonte, fugindo, mas a tempo de fotografá-la.


Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

À noite, o jantar foi servido na pousada. Havia um grupo de ciclistas da Osasco (SP) percorrendo o Caminho. Eles saíram de Águas da Prata (SP) e ficaram surpresos quando disse estar vindo sozinho de Franca (SP). 

A conversa foi animada até a hora que Morfeu - o Deus do Sono - me chamou para deitar-me. Foi um dia esplêndido, apesar da baixa quilometragem.

Aparecida (SP) a 152 quilômetros.


12º dia

Consolação (MG)

a Luminosa (MG)

47 km


Disponível em: <https://pt.wikiloc.com/trilhas-mountain-bike/caminho-da-fe-12o-dia-de-consolacao-mg-a-luminosa-mg-132985692>. Acesso: 30/06/2024.

Antepenúltimo dia de jornada pelo Caminho da Fé, minha 5ª edição (2014, 2016, 2017, 2018 e 2023) e a primeira partindo de Franca (SP).

Às 8h iniciei as pedaladas, inicialmente em descida pela Rodovia MG-295. Após o 5º quilômetro voando baixo, uma seta amarela indica conversão à direita e teve início o trecho, em leito natural, até Paraisópolis (MG). 

Esse trecho - na minha modesta opinião - é o mais belo e bucólico da Caminho. Tudo era um verde quieto à minha volta.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Às 11h 48 cheguei ao Bar e Restaurante Seta Amarela (novidade para mim), alcançado após 18 quilômetros da saída de Consolação (MG).

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Na minha última edição pelo Caminho da Fé (2018) esse sítio (lugar) não existia. Restaurante maravilhoso, que me serviu um almoço dos deuses, está localizado numa área elevada, com vista deslumbrante. É possível avistar, ao fundo da paisagem, a Pedra do Baú.

Pedra do Baú. Foto: Fernando Mendes.

Fernando Mendes.

Três quilômetros após o Restaurante Seta Amarela, adentrei em Paraisópolis (MG). Eram 13h 23.

Igreja Matriz de São José. Paraisópolis (MG).
Foto: Fernando Mendes.

Parada no Hotel Central para carimbo no passaporte e pernas no pedal para cumprir os 25 quilômetros finais até Luminosa, distrito de Brazópolis (MG). 

Trecho com subidas longas e contínuas, que findam no Bairro Cantagalo. Eram 16h 09. Parada para degustar uma tigela de açaí e carimbar o passaporte.

Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Bairro Cantagalo. Foto: Fernando Mendes.

Felizmente os 12 quilômetros finais foram em contínuo descenso.

Foto: Fernando Mendes.

Em 2014, quando descia a Serra de acesso a Luminosa, após uma curva, o guidão da minha bike quebrou e tive tempo de dizer duas palavras: "vou cair". E caí. 

Todavia o estrago foi pequeno, apenas um grande ralado na perna direita. No dia seguinte fui de ônibus a Brazópolis (MG), o guidão novo foi comprado, instalei e a viagem continuou.

Luminosa. Foto Fernando Mendes.

Cheguei a Luminosa por volta das 17h 30. Estada na Pousada Nossa Senhora das Candeias. Jantar com ciclistas e caminhantes à mesa, muita prosa e noite espetacular de sono.

Aparecida (SP) a 105 quilômetros.

13º dia

Luminosa (MG)

a Campos do Jordão (SP)

40 km


Disponível em: <https://pt.wikiloc.com/trilhas-mountain-bike/caminho-da-fe-13o-dia-de-luminosa-mg-a-campos-do-jordao-sp-132985727>. Acesso: 30/06/2024.

Igreja Nossa Senhora das Candeias. Foto: Fernando Mendes.
Downtown de Luminosa. Foto: Fernando Mendes.

Nas quatro edições anteriores do Caminho da Fé, percorri o trecho Luminosa a Campos do Jordão (SP) "escalando" a temida "subida da Luminosa" e seus nove intermináveis quilômetros, onde se empurra mais [a bike] do que se pedala.

Desta feita fiz diferente. Segui pela rodovia (em leito natural) que os moradores da pacata Luminosa se utilizam para ir a Campos do Jordão (SP). 

Estrada ótima, solo bastante compactado, bem larga e 100% pedaláveis. Valeu a pena a mudança.


Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

Após 22 quilômetros pedalados na tranquilidade de uma subida moderada, cheguei ao asfalto da Rodovia SP-42. Campos do Jordão (SP) a 18 quilômetros.


Foto: Fernando Mendes.

As primeiras pedaladas pela SP-42 continuaram em subida íngreme até atingir a cota altimétrica de 1.813 m de altitude. A partir daquele ponto, forte descida até a entrada de Campos do Jordão (SP).

Virei à direita, ingressei num trecho em leito natural, bastante sombreado e em ascenso contínuo por uns 14 quilômetros, atravessei bairros periféricos, chegando ao Refúgio dos Peregrinos às 16h. 

Estada confortável e jantar na pousada. Ao me deitar, refiz cada trecho percorrido e adormeci antes da metade do Caminho.

Aparecida (SP) a 65 quilômetros.


14º dia

Campos do Jordão (SP)

a Aparecida (SP)

65 km


Disponível em: <https://pt.wikiloc.com/trilhas-mountain-bike/caminho-da-fe-14o-dia-de-campos-do-jordao-sp-a-aparecida-sp-132985761>. Acesso: 30/06/2024.

Último dia da aventura que começou há duas semanas. Sensação de ter passado muito rapidamente.

Dia magistral, com céu limpo e temperatura em agradáveis 18°C. Desta feita, diferentemente das minhas quatro edições pelo Caminho da Fé, nas quais fui de Campos do Jordão (SP) a Aparecida (SP) pelo asfalto da Rodovia SP-123, optei pelo inédito Caminho das Pedrinhas. Um espetáculo.

Tomei a direção do Bairro Capivari e, seguindo as setas amarelas, logo estava girando por uma rodovia estreita e sem acostamento, que me levou até o Restaurante Dona Chica na Floresta. Até aquele ponto foram 17 quilômetros pelo asfalto.

Conversão à direita e ingressei no Caminho das Pedrinhas, que começa com forte subida de oito quilômetros até atingir a maior cota altimétrica do Caminho da Fé: 1.968 metros de altitude. 

Daquele ponto, o Caminho inclina para baixo e assim permanece até Aparecida (SP), por exatos 40 quilômetros.



Foto: Fernando Mendes.


Foto: Fernando Mendes.


Foto: Fernando Mendes.


Almoço na Pousada Santa Maria da Serra. Foto: Fernando Mendes.


Pousada Santa Maria da Serra. Foto: Fernando Mendes.


Foto: Fernando Mendes.

Curva de 180°. Foto: Fernando Mendes.


Foto: Fernando Mendes.

Foto: Fernando Mendes.

O sorriso é o idioma das pessoas vencedoras.

23/04/2023. Chegada a Aparecida (SP) às 17h 32. Foto: Fernando Mendes.

Aparecida (SP), não é, nunca foi e jamais será "APARECIDA DO NORTE".


Brasília (DF), 30/06/2024.
Antônio Fernando Mendes, 63 anos, Professor de Geografia e Geógrafo.

Obrigado pela leitura.






































































Comentários

  1. Excelente! Além de acompanhar cada km dessa aventura, uma verdadeira aula. Como sempre, genial! J.M.R

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  2. Obrigado pelo comentário e, principalmente, pela leitura. Existem ouros relatos que estão à sua disposição. Podendo, querendo, leia-os.

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