Viagem Bike pelas Terras Altas da Mantiqueira e Aparecida (SP) a Brasília (DF). Verão 2016.

1ª parte

Viagem de bike pelas Terras Altas da Mantiqueira

534 km

2ª parte

Viagem de bike de Aparecida (SP) a Brasília (DF)

1.205 km

Total Percorrido

1.739 km



Serra da Mantiqueira. Foto: Fernando Mendes.

TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA – 534 km

DIA

DATA

TRECHOS

KM/DIA

∑ km

4ªf

30/12/15

Aparecida (SP) a Caçapava (SP)

58 km

89 km

Caçapava (SP) a Monteiro Lobato (SP)

31 km

5ªf

31/12/15

M. Lobato (SP) a Campos do Jordão (SP)

56 km

145 km

6ªf

01/01/16

C. do Jordão (SP) a S. Bento do Sapucaí (SP)

36 km

181 km

SAB

02/01

São Bento Sapucaí (SP) a Gonçalves (MG)

20 km

201 km

DOM

03/01

Gonçalves (MG) a Cambuí (MG)

30 km

231 km

2ªf

04/01

Cambuí (MG) a Monte Verde

55 km

286 km

3ªf

05/01

Monte Verde (MG) a Joanópolis (SP)

40 km

326 km

4ªf

06/01

Joanópolis (SP) a Cachoeira dos Pretos (SP)

24 km

350 km

5ªf

07/01

Cachoeira dos Pretos (SP) a M. Lobato (SP)

58 km

408 km

6ªf

08/01

Monteiro Lobato a (SP) a Aparecida (SP)

126 km

534 km



APARECIDA (SP) A BRASÍLIA (DF) – 1.205 km

DIA

DATA

TRECHOS

KM/DIA

∑ km

DOM

10/01

Aparecida (SP) a Piquete (SP)

34 km

34 km

2ªf

11/01

Piquete (SP) a Itajubá (MG)

56 km

90 km

3 ªf

12/01

Itajubá (MG) a Santa Rita do Sapucaí (MG)

67 km

167 km

4 ªf

13/01

Santa Rita do Sapucaí (MG) a Ipuiuna (MG)

68 km

225 km

5 ªf

14/01

Ipuiuna (MG) a Poços de Caldas (MG)

65 km

290 km

6 ªf

15/01

Poços de Caldas (MG) a Casa Branca (SP)

86 km

376 km

SAB

16/01

Casa Branca (SP) a Stª Rosa de Viterbo (SP)

60 km

436 km

DOM

17/01

Stª Rosa de Viterbo (SP) a R. Preto (SP)

59 km

495 km

2 ªf

18/01

Ribeirão Preto (SP) a Uberaba (MG)

180 km

675 km

3 ªf

19/01

Uberaba (MG) a Uberlândia (MG)

100 km

775 km

4 ªf

20/01

Uberlândia (MG) a Catalão (GO)

111 km

886 km

5 ªf

21/01

Catalão (GO) a Sonho Verde (GO)

153 km

1.039 km

6 ªf

22/01

Sonho Verde (GO) a Brasília (DF)

166 km

1.205 km

INTRODUÇÃO À JORNADA.

Ao final de 2014 estava pronto para executar essa aventura. Porém, ao chegar a Aparecida (SP), vindo de Brasília (DF), após 22 horas de viagem rodoviária, forte gripe apossou-se mim e fui obrigado a dar meia-volta e regressar [via aérea] para minha casa.

Quatro estações do ano depois, chegou dezembro de 2015. Sem gripe, febre ou qualquer outra indisposição, parti rumo às Terras Altas da Mantiqueira, cumprindo a 1ª parte da aventura; a 2ª parte foi pedalar de Aparecida (SP) a Brasília (DF).

E assim, parti [de ônibus] rumo a Aparecida (SP), no dia 28/12/2015.


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.

Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.

Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

1ª PARTE DA JORNADA

CIRCUITO TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA

534 km

1º dia

30/12/2015

Aparecida (SP) a Monteiro Lobato (SP)

89 km


Disponível em: <https://blogger.googleusercontent.com/img/. 
Acesso: 31/01/2016.

Arrebentado de pecados, assisti à Missa das 9h e deixei Aparecida (SP) às 10h. 

As primeiras pedaladas pela Via Dutra, na direção Caçapava (SP), foram preguiçosas e lentas. O tempo estava fechado e havia ameaça de chuva. Isso baixou deveras o moral.

Mas para elevá-lo, parei no Restaurante Frango Assado (km 75 da Via Dutra), logo após a saída de Aparecida (SP), e degustei saboroso pão com linguiça, acompanhado de suco de laranja. Voltei à estrada, à lida no pedal e alimentado com dignidade.

O trânsito na Dutra, a Rodovia Federal mais movimentada do País, era tranquilo. Às 12h veio a primeira baixa do dia: o câmbio da bike travou. Impossível trocar as marchas.

Parei em Taubaté (SP), 40 quilômetros adiante de Aparecida (SP), e fui à bicicletaria. O mecânico, quando foi regular as marchas, constatou que havia várias rachaduras em partes do aro traseiro, declarou à meia - voz, como um médico dando o diagnóstico ao paciente.

Aro trocado por um novo e câmbio regulado. Atraso de duas horas. Às 16h, no acesso a Caçapava (SP), Saída 127 (que corresponde ao km 127), abandonei a Dutra, pedalei por toda extensão da Avenida Brasil e, ao final, virei à direita, na Rua Professor Lindolfo Machado, pedalando paralelamente à linha férrea da MRS Logística.

Atravessei os trilhos e comecei a subir a Mantiqueira rumo a Monteiro Lobato (SP), 28 quilômetros à frente, com duas paredes a "escalar". Impossível pedalar. Venci as paredes a passos, empurrando a bike.

Após coroar a primeira "parede", passei pelo Sítio do Pica Pau Amarelo. Estava fechado. E veio a segunda "parede". Novamente empurrei, enquanto cigarras e seus intermináveis gritos choravam feito carpideiras em velório.

Às 20h 39, Monteiro Lobato (SP) foi avistada, feliz na luz, no fundo de um vale. Parei no Downtown local, jantei e segui para Pousada Monteiro Lobato, afastada do centro por cinco quilômetros.

Quando a iluminação do perímetro urbano acabou, passei a pedalar sob escuridão densa e espessa. Escuridão de um abrigo antibombas. Escuridão de estratosfera, sob manto de estrelas, com vaga-lumes balizando o caminho.

Espetáculo à parte para encerrar o dia com chave de ouro. Faltavam 23 dias para concluir minha jornada de 1.739 quilômetros.


Via Dutra (BR - 116) Saída para Caçapava (SP). Foto: Fernando Mendes.
Serra da MantiqueiraFoto: Fernando Mendes.
Rodovia Caçapava (SP) a Monteiro Lobato (SP). Foto: Fernando Mendes.
Rodovia Caçapava (SP) a Monteiro Lobato (SP). Foto: Fernando Mendes.

Rodovia Caçapava (SP) a Monteiro Lobato (SP). Foto: Fernando Mendes.
Sítio do Pica Pau AmareloFoto: Fernando Mendes.
Rodovia Caçapava (SP) a Monteiro Lobato (SP). Foto: Fernando Mendes.
Rodovia Caçapava (SP) a Monteiro Lobato (SP). Foto: Fernando Mendes.
Rodovia Caçapava (SP) a Monteiro Lobato (SP). Foto: Fernando Mendes.

2º dia

31/12/2015

Monteiro Lobato (SP) a Santo Antônio do Pinhal (SP)

37 km

Santo Antônio do Pinhal (SP) a Campos do Jordão (SP)

19 km

Total do dia

56 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.

Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.

Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Quando o amanhecer se mostrou entre as frestas das cortinas, despertei de excelente noite de sono. Café da manhã maravilhoso. Zarpei de Monteiro Lobato às 10h. Tomei 700 ml de açaí no downtown e parti rumo a Campos do Jordão (SP), 56 quilômetros adiante.

Os giros iniciais [dos pedais], fazendo as vezes de um metrônomo com a regularidade dos tique-taques, foram em terreno plano, com muitas áreas de pastagens, chácaras e sítios, flanqueando a rodovia (SP-050), coberta por generosa sombra.

Pequenas subidas se intervalam com suaves descidas até chegar o trecho de serra, com seis quilômetros de ascensão bem civilizada. Pedalava aos sons da natureza. Em uma hora subi a serra e a meia dúzia de quilômetros ali colocados.

Às 13h, no trevo de acesso a Campos do Jordão (SP), degustei delicioso pão com linguiça no Empório da Vovó. O café expresso estava divino.

Alcancei a simpática Santo Antônio do Pinhal (SP) às 15h. Começou a chover. Assentei na área externa do Restaurante Imperius e degustei filé de truta com batatas, arroz e feijão (à parte). Último almoço do ano de 2015.

Café expresso, conta paga, rolezinho pela simpática localidade e, a seguir, encarei, em forte ângulo de subida, 20 quilômetros até Campos do Jordão (SP), pela rodovia SP-123.

Atravessei o Portal da Cidade às 20h 02. Tirei fotos da ornamentação natalina e hospedei-me no Refúgio dos Peregrinos, pousada que recebe ciclistas e caminhantes que percorrem o Caminho da Fé. Passam pela cidade a qualquer época do ano.

A casa estava cheia e a conversa foi animada até que a maioria saiu para ver a queima de fogos. Preferi ficar e colocar a escrita em dia.


Rodovia SP - 050 entre Monteiro Lobato e Santo Antonio do Pinhal (SP). 
Foto: Fernando Mendes.
Rodovia SP - 050 entre Monteiro Lobato e Santo Antonio do Pinhal (SP). 
Foto: Fernando Mendes.
Rodovia SP - 050 entre Monteiro Lobato e Santo Antonio do Pinhal (SP). 
Foto: Fernando Mendes.
Rodovia SP - 050 entre Monteiro Lobato e Santo Antonio do Pinhal (SP). 
Foto: Fernando Mendes.
Santo Antonio do Pinhal (SP). Igreja Matriz de Santo Antônio de Pádua. 
Foto: Fernando Mendes. 

Campos do Jordão (SP). Mirante Vista Chinesa. Foto: Fernando Mendes.

Portal de Campos do Jordão (SP). Foto: Fernando Mendes.


3º dia

01/01/2016

Campos do Jordão (SP) a São Bento do Sapucaí (SP)

36 km

Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

E foi sob clima de ressaca da virada de ano, que aconteceu a partida, às 10h, de Campos do Jordão (SP) rumo a São Bento do Sapucaí (SP), parcos 36 quilômetros adiante. O primeiro pedal de 2016 foi bem leve, ou seja, não foi à vera.

Antes do Portal de Campos do Jordão (SP), dobrei à direita e comecei a pedalar numa subida generosa, frita coxa, para começar bem o 1º dia de 2016 e a 1ª ladeira do ano. Foram dois quilômetros e meio de ascensão, atravessando um bairro periférico.

Não demorou para a estrada inclinar para baixo. Veio uma descida de 10 quilômetros. Deitava nas curvas, me aprumava nas pequenas retas.

Desci de 1.690 m de altitude para 880 m. Daí em diante, até chegar à pacata São Bento do Sapucaí (SP), uma dúzia quilômetros, majoritariamente planos, em trechos rurais bem bucólicos, com animais no pasto mastigando grama e muito cheiro de mato.

Às 14h almocei no Restaurante Sabor da Serra. Fui atendido por simpática senhorita que despertou curiosidade ao ver a bike com dois alforjes acoplados à garupa.

Fez as perguntas de praxe: “de onde vem”, “aonde vai”, “é perigoso"? enquanto me servia uma cerveja gelada bem gelada.

Detalhei o roteiro de pouco mais de 500 quilômetros pelas Terras Altas da Mantiqueira. Ficou boquiaberta. Finalmente voltou a fechá-la, sem pressa, mas com firmeza, como uma planta carnívora, quando expliquei que faço viagens de bike com frequência. “Não sou marinheiro de primeira viagem”.

Hospedagem em excelente pousada e sono até a tarde dar lugar à noite, com a sinfonia da chuva lá fora.

Não conhecia esse trecho entre Campos do Jordão (SP) e São Bento do Sapucaí (SP). Ano novo, novos caminhos.



Rodovia Municipal José Teotônio Silva, entre Campos do Jordão (SP) e 
São Bento do Sapucaí (SP). 
Foto: Fernando Mendes.


Rodovia Municipal José Teotônio Silva, entre Campos do Jordão (SP) e 
São Bento do Sapucaí (SP). 
Foto: Fernando Mendes.


Pedra do Baú. 
Foto: Fernando Mendes.


Chegada a São Bento do Sapucaí (SP). 
Foto: Fernando Mendes.


Igreja Matriz em São Bento do Sapucaí (SP). 
Foto: Fernando Mendes.


Igreja Matriz em São Bento do Sapucaí (SP). 
Foto: Fernando Mendes.

4º dia

02/01/2016

São Bento do Sapucaí (SP) a Gonçalves (MG)

20 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Depois do café maravilhoso da pousada, fiquei conversando com Paulo, o proprietário da estalagem, até meio-dia. A conversa fluiu. Passaria o dia todo ali contando minhas aventuras de bike.

Mas antes de deixar São Bento do Sapucaí (SP), almocei e fui conhecer a Igreja Matriz.

Às 14h e sob forte calor, segui rumo a Gonçalves (MG). Embora a distância tenha sido pequena, apenas 20 quilômetros, pedalava lentamente e bebericando as belezas que a paisagem proporciona.

O trajeto é plano nos primeiros 13 quilômetros. Nos 7 quilômetros restantes, subida até o portal da cidade. Atravessei diversas comunidades. As casas estavam floridas, mostras inequívocas que, mesmo possuindo pouco, essa gente é feliz.

Quase sempre um aceno para mim. Alguém na varanda a espiar a estrada ou a recolher roupas em varais sustentados por bambus.

Uma placa avisa: "Gonçalves (MG) a 13 quilômetros", trecho no qual os últimos sete são em forte ângulo de subida, uma subida honesta, daquelas que o ciclista chora e a mãe não vê.

A altitude foi aumentando. Quando atingi 1.300m, atravessei o portal da cidade. Gonçalves (MG) é uma localidade bucólica e rodeada pelo esplendor da Mantiqueira. Enquanto jantava deliciosa truta, caiu um aguaceiro de respeito.

Pernoitei numa pousada maravilhosa. Um córrego flui pela parte lateral. Sinfonia de água correndo entre pedras até o sono me derrotar.

Apesar de curto, o trajeto foi um bálsamo para os olhos e alma.



Rodovia MG - 173 trecho entre São Bento do Sapucaí (SP) e Gonçalves (MG). 
Foto: Fernando Mendes.


Trecho entre São Bento do Sapucaí (SP) e Gonçalves (MG). 
Foto: Fernando Mendes.


Rodovia MG - 173 entre São Bento do Sapucaí (SP) e Gonçalves (MG). 
Foto: Fernando Mendes.


Portal em Gonçalves (MG). 
Foto: Fernando Mendes.


Pousada em Gonçalves (MG). 
Foto: Fernando Mendes.


Padaria em Gonçalves (MG). 
Foto: Fernando Mendes.


Igreja Nossa Senhora das Dores em Gonçalves (MG). 
Foto: Fernando Mendes.

5º dia

03/01/2016

Gonçalves (MG) a Cambuí (MG)

30 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Levantei-me da cama às 10h. Afastei as cortinas para o lado. A chuva castigava as vidraças com a força de uma artilharia.

Antes de me raspar de Gonçalves (MG), delicioso almoço no Restaurante do Chiquinho. Pela proa, 30 quilômetros até Cambuí (MG), plenamente em leito natural. E assim comecei o 5º dia de minha jornada.

Na saída, uma subida insana mostrou-me a dureza do caminho. E como tudo que está ruim pode piorar, vencida a 1ª "parede", uma chuva de pingos grossos, como bagos de uva, desabou em cascata solta e caiu com vontade.

A chuva não caía, ela desabava; parecia vir em ondas que me abraçavam.

Firme nas pedaladas em piso escorregadio, girava por altitudes que variavam de 1.200 a 1.500m.

Após passar pelo povoado de Monjolos do Paraisópolis (MG) zerei uma subida animal, com quatro quilômetros e carregando 11 quilos de bagagem. Venci com fé.

A paisagem lá do alto compensou o esforço desprendido. Parei ao final da subida e, numa visão de 360º, contemplei a suntuosidade da Mantiqueira.

Naquele ponto o céu e a terra se abraçam. Agradeci pela minha saúde e por estar [mesmo que sozinho] divisando esse espetáculo da natureza.

Quando a estrada inclinou para baixo, pude avistar, em meio à chuva e à neblina, Córrego do Bom Jesus (MG) e, mais à frente, Cambuí (MG), que fica às margens da Rodovia Fernão Dias (BR-381). Estava ensopado e feliz por ter vencido todas as ladeiras que colocaram no caminho.

Quando cheguei à área central de Cambuí (MG), os sinos da Igreja de Nossa Senhora do Carmo choravam no ar o Toque das Trindades. Eram 18 horas. Assisti à missa e, em seguida, acomodei-me no Hotel do Zé Maria. Ótima estada.

O pedal foi vagaroso, porém proveitoso - como tem que ser quando passamos por uma região tão bela. Assim, lentamente, fui apreciando as maravilhas das Terras Altas da Mantiqueira.


Estrada Municipal que liga Gonçalves (MG) a Cambuí (MG). Foto: Fernando Mendes.
Estrada Municipal que liga Gonçalves (MG) a Cambuí (MG). Foto: Fernando Mendes.
Estrada Municipal que liga Gonçalves (MG) a Cambuí (MG). Foto: Fernando Mendes.
Estrada Municipal que liga Gonçalves (MG) a Cambuí (MG). Foto: Fernando Mendes.
Estrada Municipal que liga Gonçalves (MG) a Cambuí (MG). Foto: Fernando Mendes.

Estrada Municipal que liga Gonçalves (MG) a Cambuí (MG). Foto: Fernando Mendes.
Igreja Matriz N. Srª do Carmo em Cambuí (MG). Foto: Fernando Mendes.
Igreja Matriz N. Srª do Carmo. Cambuí (MG). Foto: Fernando Mendes.

6º dia

01/01/2016

Cambuí (MG) a Monte Verde (MG)

55 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Com o céu cheio de Sol, fiapos de nuvens e nenhuma ameaça [à primeira vista] de chuva, saí da simpática Cambuí (MG), às 10h, iniciando o 6º dia de viagem.

Dos 55 quilômetros a pedalar naquela 2º f (04/01/2016), os 19 quilômetros iniciais foram pela Rodovia Federal Fernão Dias (BR-381). 

Recém-ingressado na estrada, que leva o nome do "Caçador de Esmeraldas"- que na verdade eram turmalinas -, uma subida de três quilômetros me saudou. Pude ouvir: "essa subida é café com leite se comparada à ascensão de Camanducaia (MG) a Monte Verde (MG)". 

Ao meio-dia, no município de Camanducaia (MG), abandonei a Fernão Dias (BR-381), na saída 917, e tomei o rumo de Monte Verde (MG). Mas antes, parada para almoço.

Em restaurante na área central, almocei muito bem e parti para os 30 quilômetros finais, com 100% em ascensão. 

O GPS de pulso marcava 994 m e Monte Verde (MG) fica na cota altimétrica de 1.607 m. Foram 613 m de ascensão em 30 quilômetros. 

E sobe, sobe e sobe mais um pouquinho. Ao longo do trajeto, existem muitos empórios vendendo queijos, licores, cachaças e muitas outras iguarias, incluindo café expresso. 

Comecei a subir às 13h 30. Às 17h, alcancei a cota máxima do caminho: 1.607 m, a maior que atingi pedalando, nessa aventura, a minha bike. 

Cheguei a Monte Verde (MG) às 17h 40 e, no Portal da cidade, encontrei com a Bruna e o Rodrigo, casal que, igualmente a mim, fazia uma viagem pelas Terras Altas da Mantiqueira. 

No entanto, eles seguiam na direção contrária à minha. Conversamos um pouco, nos despedimos e saí em busca de hospedagem. O vento estava gelado. Precisava me abrigar. Naquela altitude, o verão parecia arrefecer-se.

Depois do banho jantei muito bem. Precisei vestir blusa de mangas compridas e o casaco corta vento. Às 20h, a temperatura estava em 13°C. O propalado aquecimento global não chegou por aqui, mesmo estando no verão que, dizem os expertos no assunto, será o mais quente desde Adão e Eva. A ver.

O ponto alto do dia foi quando parei em meio às subidas insanas, encostei a bike numa placa e contemplei a beleza do lugar. Relembrei todo caminho até ali e muitas outras viagens que fiz pedalando minha bike. Deixei fluir as coisas que a mente vai longe buscar. 


Churrascaria Cometa no km 912 da BR - 381 (Fernão Dias). Camanducaia (MG).
Foto: Fernando Mendes.
 BR - 381 (Fernão Dias). Acesso a Camanducaia (MG). Km 919. 
Foto: Fernando Mendes.
Rodovia MG - 886 entre Camanducaia (MG) e Monte Verde (MG).
Foto: Fernando Mendes.
Rodovia MG - 886 entre Camanducaia (MG) e Monte Verde (MG). 
Foto: Fernando Mendes.
Rodovia MG - 886 entre Camanducaia (MG) e Monte Verde (MG). 
Foto: Fernando Mendes.
Rodovia MG - 886 chegada a Monte Verde (MG). Foto: Fernando Mendes.

7º dia

05/01/2016

Monte Verde (SP) a Joanópolis (SP)

40 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

O dia começou, para mim, às 9h 40, quando acordei e quase perdi o café [majestoso] da Pousada Bem-Te-Vi, em Monte Verde (MG).

Saí às 11h e rumei para Joanópolis (SP) - a terra do Lobisomem - por estrada de terra (ou leito natural), muito sombreada pelos eucaliptos, araucárias, bambuzais e algumas formações nativas da Mata Atlântica. 

O silêncio era quebrado pelo som dos inúmeros cursos d´água, que correm paralelos ao caminho e pela sinfonia da passarada.

Estrada deserta, sem apoio nenhum e cercada pelas belezas dessas terras altas. Quando a água acabou, entrei num sítio, fui recepcionado por uns 39 cães e pelo casal de velhinhos, donos da propriedade. 

Essa visita rendeu, pelo menos, meia hora de conversa. Ficaram admirados com a minha viagem e foram muito receptivos à visita inesperada. Minhas garrafas foram abastecidas e segui meu destino, não sem antes agradecê-los pela acolhida.

O trajeto daquele dia (05/01/2016) foi quase todo em descida. Às 14h 15, parei num bar na tentativa de almoçar. Não rolou. Fiquei nas batatas fritas e esperei chegar a Joanópolis (SP) para "matar" minha fome.

Uma hora depois, estava em um restaurante na cidade batendo um PF de qualidade. Às 16h fui à praça central encontrar o casal de amigos Olinto e Rafaela. Convidaram-me para pernoitar na casa do irmão do Olinto. Conversa fluiu até tarde, regada à cerveja e deliciosa pizza, preparada pela Rafaela.

Olinto é autor dos Guias da Estrada Real, Caminho da Fé, Terras Altas da Mantiqueira, Cordilheira dos Andes (Chile, Bolívia, Peru e Argentina), no Guidão da Liberdade, onde narra sua volta ao mundo pedalando e outras publicações, que podem ser acessadas a partir do sítio: www.olinto.com.br.

Numa das nossas inúmeras trocas de e-mails, ele me disse que estaria em Joanópolis (SP) no começo de janeiro 2016. Foi muito bom encontrá-lo. Ficaria horas conversando sobre nossas viagens de bike.

Ele foi mais longe do que eu: entre 1993 e 1996, deu a volta ao mundo pedalando. Escreveu um livro, "No Guidão da Liberdade" e hoje se especializou em palestras sobre cicloturismo, além de ser autor de diversos guias para ciclistas e caminhantes.


Ligação Monte Verde (MG) a Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Ligação Monte Verde (MG) a Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Ligação Monte Verde (MG) a Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Ligação Monte Verde (MG) a Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Igreja Matriz em Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Igreja Matriz em Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Chegada a Joanópolis (SP).
Encontro com os amigos Olinto e Rafaela. Foto: Fernando Mendes.
Ligação Monte Verde (MG) a Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Ligação Monte Verde (MG) a Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Igreja Matriz em Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Igreja Matriz em Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.

8º dia

06/01/2016

Joanópolis (SP) a Cachoeira dos Pretos

24 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Às 13h, após me despedir dos amigos Olinto e Rafaela, rumei para a Cachoeira dos Pretos, “nome que deriva da família que habitava a área, não tendo, portanto, nada a ver com escravos, sacrifícios ou qualquer manifestação religiosa que costumava ser feita na base da queda d´água”, anotou Olinto/Antônio Guia de Cicloturismo Mantiqueira, p.9.

Foram 18 quilômetros bem tranquilos. Estada numa pousada nas adjacências da cachoeira, que possui 154 metros de corredeira, sendo considerada a maior do Estado de São Paulo. Depois de delicioso banho e algumas fotos, voltei à pousada, jantei e cama.


Serra da Mantiqueira em Joanópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Rodovia Municipal entre Joanópolis (SP) e Cachoeira dos Pretos (SP).
Foto: Fernando Mendes.
Cachoeira dos Pretos, a maior cachoeira do Estado de SP, com 154 metros de queda. 
Foto: Fernando Mendes.
Cachoeira dos Pretos. Foto: Fernando Mendes.

9º dia

07/01/2016

Cachoeira dos Pretos a Monteiro Lobato (SP)

58 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Pela primeira vez nessa jornada, acordei antes das 8h. Foi preciso, pois o trecho entre a Cachoeira dos Pretos e São Francisco Xavier (SP) [com 36 quilômetros na terra ou leito natural] tem uma subida contínua com 10 quilômetros em ascensão, sucedida por sobe e desce frenéticos. 

Os 10 quilômetros finais foram feitos em um declive acentuado, porém à baixa velocidade, devido às valas provocadas pelo escoamento superficial das águas das chuvas e às pedras soltas em profusão. 

Almocei muito bem em São Francisco Xavier (SP), que é um distrito de São José dos Campos (SP). 

Encarei os 18 quilômetros finais [São Francisco Xavier a Monteiro Lobato] em rodovia asfaltada, estreita e pouco movimentada. Cheguei a Monteiro Lobato (SP) - distrito de Caçapava (SP) -, às 17h 15. 

"Matei" tigela de açaí na praça principal, acomodei-me na pousada e dei por encerrada a jornada daquele dia, com a Mantiqueira sendo a personagem principal do caminho.


Estrada Municipal na ligação Cachoeira dos Pretos (SP) a Monteiro Lobato (SP).
Foto: Fernando Mendes.
Estrada Municipal na ligação Cachoeira dos Pretos (SP) a Monteiro Lobato (SP). 
Foto: Fernando Mendes.
Estrada Municipal na ligação Cachoeira dos Pretos (SP) a Monteiro Lobato (SP). 
Foto: Fernando Mendes.
Estrada Municipal na ligação Cachoeira dos Pretos (SP) a Monteiro Lobato (SP). 
Foto: Fernando Mendes.
Estrada Municipal na ligação Cachoeira dos Pretos (SP) a Monteiro Lobato (SP). 
Foto: Fernando Mendes.

Estrada Municipal na ligação Cachoeira dos Pretos (SP) a Monteiro Lobato (SP). 
Foto: Fernando Mendes.
Por volta de 1883 foi trazido do Rio de Janeiro, pelos escravos do Senhor Luciano José das Neves, uma imagem de São Francisco Xavier para sua fazenda na Serra da Mantiqueira, em São Paulo. Igreja Matriz de São Francisco Xavier, Distrito de São José dos Campos (SP). Foto: Fernando Mendes.
 Igreja Matriz de São Francisco Xavier, Distrito de São José dos Campos (SP).
Foto: Fernando Mendes.
Igreja Matriz de São Francisco Xavier, Distrito de São José dos Campos (SP).
Foto: Fernando Mendes.
 Igreja Matriz de São Francisco Xavier, Distrito de São José dos Campos (SP).
Foto: Fernando Mendes.
Portal de saída em São Francisco Xavier (SP). Foto: Fernando Mendes.

10º dia

08/01/2016

Monteiro Lobato (SP) a Aparecida (SP)

126 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Os primeiros 25 quilômetros - entre aa pacata Monteiro Lobato (SP) a São José dos Campos (SP) - foram maravilhosos. 

Descidas intermináveis (pela rodovia SP-50) repleta de curvas e sombreada como se a estrada fosse coberta por um (*) pálio.

(*) Sustentado por quatro ou mais varas, é usado em cortejos para cobrir a pessoa festejada ou em procissões.

Mas a alegria terminou quando ingressei no Vale do Paraíba. Depois de 10 dias pedalando pelas Terras Altas da Mantiqueira, com temperaturas agradabilíssimas, atravessar a selva de pedra de São José dos Campos (SP) foi tarefa árdua. Um calor senegalês (36° C) e trânsito frenético. 90 minutos para chegar à Via Dutra. Uma partida de futebol, sem acréscimos.

Parei para almoçar e segui [pela Dutra] por 70 quilômetros até Aparecida (SP). Trânsito pesado e um calor sufocante. Mas como tudo que está ruim pode piorar, em Taubaté (SP), o pneu traseiro furou. No único lance de sorte daquele dia, o ocorrido se deu próximo a uma borracharia. Tudo resolvido, segui meu rumo.

Eram 17h e não foi preciso muito esforço para concluir que não chegaria a Aparecida (SP) com a luz natural.

Às 19h, o trânsito na Dutra parou. Para mim não foi problema. O acostamento estava livre. Um congestionamento de sete quilômetros, devido a um acidente envolvendo um caminhão carregado com galões de tintas.

Cheguei a Aparecida [que nunca foi do Norte] às 21h. Jantei, banhei e fui dormir o sono dos justos. Percorri 126 quilômetros sob forte canícula.


Monteiro Lobato (SP). Foto: Fernando Mendes.
Igreja N. Srª do Bonsucesso em Monteiro Lobato (SP). Foto: Fernando Mendes.
Igreja N. Srª do Bonsucesso em Monteiro Lobato (SP). Foto: Fernando Mendes.
Igreja N. Srª do Bonsucesso em Monteiro Lobato (SP). Foto: Fernando Mendes.
 Foto: Fernando Mendes.
A Serra da Mantiqueira vista da Via Dutra. Foto: Fernando Mendes.
Via Dutra.  Foto: Fernando Mendes.
Via Dutra.  Foto: Fernando Mendes.

11º dia

09/01/2016

Passeios em Aparecida (SP). Não rolou pedal.

* * *


A cidade estava lotada. Mais parecia dia da Padroeira. Enquanto a bike passava por revisão, fui passear de teleférico, que liga o Santuário ao Morro da Cruz.

Passeio de Teleférico. Foto: Fernando Mendes.
Santuário Nacional de Aparecida visto do Teleférico. Foto: Fernando Mendes.
Santuário Nacional de Aparecida visto do Teleférico. Foto: Fernando Mendes.

Visitei o Porto de Itaguassú, local no qual, em 1717, a imagem de N. Srª Aparecida foi retirada do Rio Paraíba por um grupo de pescadores.

Almocei bem e dormi esplendidamente até o azul do crepúsculo [vespertino] dar lugar ao negro estrelado da noite.


Santuário Nacional de Aparecida (SP). Estilo Neorromânico, que se baseia na reinterpretação do estilo românico, vigente entre os séculos XI e XIII durante a Idade Média europeia. Foto: Fernando Mendes.
Santuário Nacional de Aparecida (SP). Foto: Fernando Mendes.
Santuário Nacional de Aparecida (SP). Foto: Fernando Mendes.
Fachada da Basílica velha. Foto: Fernando Mendes.
Basílica velha. Foto: Fernando Mendes.
Porto de Itaguassu, local no qual a imagem de N. Srª Aparecida foi encontrada por pescadores, em 1717. Em Tupi-Guarani a palavra Itaguaçu significa "Pedra da Água Grande". Foto: Fernando Mendes.
Porto de Itaguassu no Rio Paraíba do Sul. Foto: Fernando Mendes.

2ª PARTE DA JORNADA

APARECIDA (SP) A BRASÍLIA (DF)

1.205 km

12º dia

10/01/2016

Aparecida (SP) a Piquete (SP)

34 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Quando o Sol atingiu o Zênite, ingressei na Via Dutra, sentido Rio de Janeiro (Pista Norte), pedalando com a Mantiqueira no meu través oeste, vista ao fundo da paisagem.

Almocei no Graal Clube dos 500 e voltei à lida para cumprir os quilômetros que restavam até a saída 51 (que coincide com o km 51), onde está o acesso à BR - 459, que me levou às Terras Altas da Mantiqueira [outra vez], mas, desta feita, pedalando pela vertente oeste, em terras mineiras.

Os primeiros quilômetros pela BR - 459 foram percorridos em uma reta a perder de vista e a Mantiqueira, ao fundo, deu-me a exata noção da elevação contínua [19 km] para o dia seguinte.

Passei pelo acesso a Lorena (SP) e segui na proa de Piquete (SP), cidade na qual a rodovia inclina fortemente para cima. Parei para pernoite antes que a inclinação começasse. Pizza e cama.


Trecho entre Aparecida (SP) e Piquete (SP). Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Aparecida (SP) e Piquete (SP). Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Aparecida (SP) e Piquete (SP). Ao fundo, a Mantiqueira. 
Foto: Fernando Mendes.

Trecho entre Aparecida (SP) e Piquete (SP). Foto: Fernando Mendes.
Chegada a Piquete (SP). Foto: Fernando Mendes.

13º dia

11/01/2016

Piquete (SP) a Itajubá (MG)

58 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Lá fora, as nuvens estavam pesadas, barrigudas e escuras. Verifico a previsão do tempo via celular: chuva para o dia todo. Homessa (*).

(*) Antiga interjeição originada da junção de 'homem + essa' (no sentido de quem diz "homem! essa agora..."). Tem o mesmo sentido de 'ora essa!', indicando que a pessoa está espantada ou intrigada com algo de que teve notícia. Também é grafada da forma "hom'essa".

Disponível em:<https://www.dicionarioinformal.com.br/omessa/>.

Acesso: 31/01/2016.

Deixei a pacata Piquete (SP) (644 m) às 11h. Voltei à BR-459 para subir [sem trégua] até a divisa SP/MG. Encarei uma ascensão de 781 m em 19 quilômetros. Nada mal.

A rodovia serpenteia a Mantiqueira. Algumas curvas têm 180° e, quanto mais subia, mais chovia e mais bela ficava a paisagem, apesar da névoa que se formava por conta de tanta umidade. Foi o trecho mais belo pelo qual pedalei desde o início da viagem, em 30/12/2015.

Quando cheguei à divisa SP/MG, o GPS marcava 1.425 m de altitude. Parei num restaurante para almoçar. 

Na hora de partir, troquei a blusa ensopada por outra seca, com mangas compridas e vesti agasalho impermeável, o corta-vento, para encarar o restante da viagem. 

Ventava muito e chovia demais. O termômetro portátil marcava 16°C, mas a sensação térmica devia beirar os 11°C.

Daquele ponto em diante, depois de atingir 1.425 m de altitude, a rodovia [BR - 459] tem descenso de 30 quilômetros até a entrada para Itajubá (MG), onde cheguei às 17h. 

O casaco me aqueceu muito bem. Sentia-me um pardal [feliz] na chuva.

Itajubá significa pedra amarela em tupi.


BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, subida da Serra da Mantiqueira rumo a Itajubá (MG). Foto: Fernando Mendes.
Chegada a Itajubá (MG). Fernando Mendes.
 Itajubá (MG). Fernando Mendes.
 Itajubá (MG). Fernando Mendes.
 Itajubá (MG). Fernando Mendes.
 Itajubá (MG). Fernando Mendes.
 Itajubá (MG). Fernando Mendes.

14º dia

12/01/2016

Itajubá (MG) a Santa Rita do Sapucaí (MG)

43 km

 
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Poucos quilômetros naquele dia 12/01/2016 para muita chuva. Às 12h parti após delicioso almoço no Restaurante Casa Grande. 

Ingressei na BR-459 e tomei a proa de Piranguinho (MG), nove quilômetros à frente. Trecho plano e acostamento da melhor qualidade.

Ao chegar à Capital Nacional do Pé de Moleque, parei num quiosque à beira da estrada para saborear a iguaria do local, acompanhada de delicioso café expresso. Foi quando desabou um dilúvio, que me acompanhou por 34 quilômetros até a entrada de Santa Rita do Sapucaí (MG).

Cheguei ao Vale da Eletrônica às 16h. Fui conhecer a Igreja local. Muito bela. Enquanto fotografava o templo por fora, fui abordado pelo Washington, DJ da Rádio local (104,9 MHz). Ele pediu permissão para me entrevistar. E assim foi feito. Falei acerca da empreitada, onde começou, onde terminará e outras coisas a mais sobre viajar de bike.

Foi um dia de poucas fotos em virtude de muita chuva. Uma chuva para lavar a alma. Se porventura sobraram ranços de 2015, foram-se.


BR - 459, entre Itajubá (MG) e Santa Rita do Sapucaí (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, entre Itajubá (MG) e Santa Rita do Sapucaí (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, entre Itajubá (MG) e Santa Rita do Sapucaí (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459, entre Itajubá (MG) e Santa Rita do Sapucaí (MG). Foto: Fernando Mendes.
Santa Rita do Sapucaí (MG). Igreja Matriz de Santa Rita. Foto: Fernando Mendes.
Igreja Matriz de Santa Rita do Sapucaí (MG). Foto: Fernando Mendes.

15º dia

13/01/2016

Santa Rita do Sapucaí (MG) a Ipuiúna (MG)

67 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Deixei Santa Rita do Sapucaí (MG) por volta das 10h 30. O mormaço maçaricava a pele. Os primeiros 22 quilômetros até Pouso Alegre (MG) foram plácidos. Pedalei num vale cercado pela Mantiqueira. A Rodovia [BR 459] está um tapete e o acostamento também.

Às 12h almocei em Pouso Alegre (MG), no Restaurante Fernandão, às margens da Rodovia Fernão Dias (BR-381).

No retorno à lida do pedal, a chuva me deu as boas-vindas do dia. Começou em forma de garoa paulistana, mas logo engrossou e deu o tom para o resto do dia. Quando cheguei a Congonhal (MG), estava ensopado. Felizmente não sou de açúcar.

Após atravessar o perímetro urbano de Congonhal (MG), a rodovia corta um vale muito extenso, com gado pastando de ambos os lados da estrada.

Muito verde e belas fazendas leiteiras. À medida que avançava, a Serra do Cervo, subgrupo da Mantiqueira, se engrandecia à minha frente.

Passada a Ponte sobre o Rio Cervo, a chuva engrossou. Uma placa indicou "trecho de serra nos próximos 12 quilômetros", com faixa adicional para veículos lentos [e aí eu me incluí].

Quando a subida começou, consultei o GPS de pulso. Estava na cota 853 m.

O traçado da estrada foi ficando íngreme, com curvas de 180º e aquele serpentear clássico de trechos sinuosos. Quando atingi a cota 1.266 m, parei no Mirante da Pedra. Trata-se de um enorme penedo no meio do caminho, com escada de metal para que a vista lá do alto seja contemplada. Algumas fotos e segui.

Mais subidas pela proa até atingir a cota 1.324 m. Naquele ponto, a faixa adicional acabou e veio uma descida animal de dois quilômetros até chegar ao acesso à cidade de Ipuiúna (MG), a terra da batata.

Sentia os ossos molhados. Hospedei-me num excelente Hotel Fazenda.

A baixa do dia ficou por conta de duas trocas de câmaras de ar furadas, mas nada que me tirasse o bom humor.


Pouso Alegre (MG). BR - 381 (Rodovia Fernão Dias). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Santa Rita do Sapucaí (MG) e Ipuiúna (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Santa Rita do Sapucaí (MG) e Ipuiúna (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Santa Rita do Sapucaí (MG) e Ipuiúna (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Santa Rita do Sapucaí (MG) e Ipuiúna (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Santa Rita do Sapucaí (MG) e Ipuiúna (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Santa Rita do Sapucaí (MG) e Ipuiúna (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Santa Rita do Sapucaí (MG) e Ipuiúna (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Santa Rita do Sapucaí (MG) e Ipuiúna (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Santa Rita do Sapucaí (MG) e Ipuiúna (MG). Foto: Fernando Mendes.

16º dia

14/01/2016

Ipuiúna (MG) a Poços de Caldas (MG)

70 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Parti de Ipuiúna (MG) após o almoço. Eram 13h. Chovia moderadamente. Assim que engrenei nas pedaladas, a chuva veio para não me deixar sozinho.

Os primeiros 21 quilômetros foram fáceis, com trechos planos intervalados por curvas bem abertas. As formações da Mantiqueira mostravam seus contornos mais rugosos e um brilho de chuva. Estava coberta por nuvens baixas, que pareciam lambê-la. O gado e a passarada estavam felizes com tanta água caindo.

No 22º quilômetro veio o aviso: "aclive acentuado nos próximos seis quilômetros". Um morrinho com 200 m de ascensão para quebrar a monotonia. No topo, a 1.291 m, outra placa indicava declive acentuado de dois quilômetros à frente.

Cheguei ao trevo de Caldas (MG). Parei para degustar deliciosos pastéis caseiros e fotografar os gatinhos do estabelecimento. A senhora que me serviu avisou-me: "antes de Poços de Caldas, ocê vai subir mais um morrim". Não tive outra opção, uma vez que esse "morrim" estava no meu caminho.

E tome subida, justamente quando a chuva caiu com a força, como se uma imensa tampa fosse aberta, deixando enorme volume de água a cair sobre mim. E veio acompanhada de forte vento lateral.

Às 17h 45, o dia havia virado noite. Quanto mais subia, mais as nuvens baixas, repletas de umidade, encobriam o caminho.

Finalmente, às 18h 03, com 22°C, cheguei a Poços de Caldas (MG), última cidade mineira do trajeto.


BR - 459 entre Ipuiuna (MG) e Poços de Caldas (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Ipuiuna (MG) e Poços de Caldas (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Ipuiuna (MG) e Poços de Caldas (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Ipuiuna (MG) e Poços de Caldas (MG). Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Ipuiuna (MG) e Poços de Caldas (MG). Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Ipuiuna (MG) e Poços de Caldas (MG). Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.

17º dia

15/01/2016

Poços de Caldas (MG) a Casa Branca (SP)

86 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Choveu à larga até o amanhecer. Depois de farto café da manhã no Hotel Joia, preferi partir a ficar. 

Às 11h deixei Poços de Caldas (MG) sob chuva moderada. Mas quando o perímetro urbano cedeu lugar à Rodovia BR- 267, o aguaceiro caiu com vontade; pingos grossos e vento com rajadas laterais. 

Às 13h cheguei à divisa MG/SP. Mudou o estado, mudou a qualidade [para melhor] da estrada. Rodovia SP-342, sob concessão e duplicada. 

Parei para experienciar delicioso almoço. Tirei a blusa ensopada, coloquei uma seca e vesti casaco corta-vento. 

Daquele ponto em diante, começou a descida [14 km] de uma serra que me levou à cidade de Águas da Prata (SP). Não suportaria tal descida sem casaco. Fazia frio e a bátega era intensa. 

Em Águas da Prata (SP), parada para bebericar delicioso café expresso, comer uma barra doce de leite e seguir. Terminada a merenda, avante! 

Passei por São João da Boa Vista (SP) e tomei a proa de Vargem Grande do Sul (SP). A chuva não dava trégua.

Naquele trecho, a bátega ficou mais intensa, igual quando estamos dentro de um automóvel e o limpador do para-brisa não dá conta de tanta água. Às 16h, anoiteceu. E o dilúvio, inclemente. 

Em Vargem Grande do Sul (SP) parei num posto BR. Um senhor ofereceu me levar de caminhonete até Casa Branca (SP). Agradeci e disse que "o meu objetivo era pedalar". 

Às 18h 30, Casa Branca (SP) foi alcançada. Desde o início da jornada, em 30/12/2015, não pegava uma bátega tão intensa e tão duradoura. Choveu, sem tréguas, de Poços de Caldas (MG) a Casa Branca (SP). 

Foram 86 quilômetros percorridos em 9 horas, com carga d'água ininterrupta. 


BR - 459 entre Poços de Caldas (MG) e a divisa MG/SP. Foto: Fernando Mendes.
BR - 459 entre Poços de Caldas (MG) e a divisa MG/SP. Foto: Fernando Mendes.
Portal de Poços de Caldas (MG). Foto: Fernando Mendes.
Divisa MG/SP. Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Poços de Caldas (MG) e Águas da Prata (SP). Foto: Fernando Mendes.
Estação Ferroviária de Águas da Prata (SP). Foto: Fernando Mendes.
Águas da Prata (SP). Foto: Fernando Mendes.
Chegada a Casa Branca (SP). Foto: Fernando Mendes.

18º dia

16/01/2016

Casa Branca (SP) a Santa Rosa de Viterbo (SP)

60 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Foi um pedal seco [alvíssaras] e silencioso, com 70 quilômetros. Seco porque a chuva não deu as caras e silencioso por conta da estrada pouco movimentada e com um trecho em leito natural, o mais belo do dia. 

Na saída de Casa Branca (SP), optei por um caminho alternativo, para fugir da movimentada rodovia estadual.

A estrada é flanqueada por eucaliptos que parecem atingir o céu. O tempo estava abafado, mas o sombreamento arrefeceu a temperatura. 

A oito quilômetros de Tambaú (SP), o asfalto cedeu lugar à terra. Passei por várias chácaras e sítios (não sei a diferença) em região na qual a passarada comanda os sons, junto com mugidos bovinos que vinham de todos os pontos cardeais.

Havia muita lama no caminho, resultado das chuvas de vários dias. Cheguei a Tambaú (SP) às 14h. Almocei no Restaurante Tarzan e fui rever as igrejas locais. 

Tambaú (SP) é a terra do Padre Donizette, o Padre Cícero local. É também um lugar com muitas olarias. O tempo fechou na saída de Tambaú (SP), mas felizmente ficou na ameaça. 

Encarei os 35 quilômetros finais até Santa Rosa de Viterbo (SP) na SP-332, Rodovia Padre Donizetti. Somente as aves e a brisa prestavam atenção em mim, e não muita. 

Nenhum movimento de veículos. Estrada com asfalto novo e relevo suave. 

A partir de Casa Branca (SP), a Mantiqueira ficou para trás. 

Passei a pedalar numa região de transição entre a Serra [da Mantiqueira] e o Planalto Meridional, onde está localizada Ribeirão Preto (SP), a Califórnia Brasileira.

Ouvi, na hora do almoço, uma canção, na voz de Sérgio Reis, que tem tudo a ver com viagens [iguais às minhas]: "se o Sol vem saindo eu já vou partindo e quando anoitece estou noutro lugar".


Casa Branca (SP). Foto: Fernando Mendes.
Casa Branca (SP). Foto: Fernando Mendes.
 Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores em Casa Branca (SP). 
Foto: Fernando Mendes.

Ligação alternativa entre Casa Branca (SP) e Tambaú (SP). 
Foto: Fernando Mendes.
Ligação alternativa entre Casa Branca (SP) e Tambaú (SP). 
Foto: Fernando Mendes.
Tambaú (SP). Santuário Nossa Senhora Aparecida. Foto: Fernando Mendes.
Igreja de Santo Antonio. Tambaú (SP). Foto: Fernando Mendes.
Olaria em Tambaú (SP). Foto: Fernando Mendes.
Rodovia SP - 332 na ligação Tambaú (SP) a Santa Rosa de Viterbo (SP). 
Foto: Fernando Mendes.

Mascote da Pousada Malim, em Santa. Rosa de Viterbo (SP). Foto: Fernando Mendes.

19º dia

17/01/2016

Santa Rosa de Viterbo (SP) a Ribeirão Preto (SP)

69 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Dancei no café da manhã do hotel. Acordei após às 10h. Pulei essa parte. Arrumei meus haveres e fui à Praça Central fotografar a Matriz de Santa Rosa de Viterbo (SP). Pena estar fechada.

Antes de deixar a pacata Santa Rosa (SP), parada para almoço e, pontualmente ao meio-dia, bike, pedal, estrada. Sempre nessa ordem.

A primeira cidade pela qual passei foi (*) São Simão (SP), 18 quilômetros à frente de Santa Rosa de Viterbo (SP). Céu cheio de Sol e, por extensão, muito calor.

(*) São Simão (SP) é a cidades dos três gês (plural da letra G). 

Em 1917, a cidade foi vítima de Geado, Gafanhotos e Gripe Espanhola.

(Nota do Autor). 

Cinco quilômetros após São Simão (SP), a Rodovia SP - 253 dá acesso à Via Anhanguera, SP-330. Eram 14h 30.

Parei num posto lotado de ônibus piratas. Perguntei a uma das passageiras: "esse ônibus vai aonde"? "Juazeiro do Norte (CE), moço". "Agente vamos chegar (sic) lá na terça-feira". Que coragem. Encarar uma viagem de três dias num ônibus sem a menor condição. Talvez para economizar R$ 50,00 em relação aos ônibus não piratas. A vida é feita de escolhas. E minha viagem seguiu.

Daquele posto, "inundado" de ônibus piratas, a Ribeirão Preto (SP), foram 30 quilômetros. Passei por Cravinhos (SP) e, pouco depois, a partir de uma forte descida, foi possível ver Ribeirão Preto (SP), lá embaixo, dentro de um buraco, à semelhança de uma maquete.

Isso explica o porquê de a cidade ser tão quente e abafada. Por esses motivos [calor e abafamento], optei por hospedagem no Hotel Bandeirantes, homônimo da Churrascaria e que fica às margens da Anhanguera [km 303]. Desnecessário entrar em área tão densamente povoada à procura de hospedagem.

Ganhei tempo [no dia seguinte] na hora de zarpar rumo a Uberaba (MG), 180 quilômetros à frente de Ribeirão Preto (SP).

A Via Anhanguera ou Rodovia SP-330 não tem esse número [330] fruto de uma escolha aleatória. Na bússola, o rumo [ou proa] 330 indica a direção quase NORTE.

Se olharmos no mapa, a SP-330 sai de SP Capital e segue sempre na proa norte, até a divisa com Minas Gerais, na Ponte sobre o Rio Grande. Ou seja, depois que ingressei na Via Anhanguera, minha direção geral foi sempre o Norte, até alcançar minha casa, em Brasília (DF).

Isso significou que assisti, até Brasília (DF), ao ocaso (pôr do Sol) sempre à minha esquerda [no Oeste] e o orto solar (nascer do Sol), à direita [no Leste].

Naquele 17/01/2016 foram completados 1.000 quilômetros desde o início da viagem em 30/12/2015, quando zarpei de Aparecida (SP) para um passeio de 534 quilômetros pelas Terras Altas da Mantiqueira.

Fazia uma semana que havia partido de Aparecida [pela 2ª vez], tendo por objetivo chegar a Brasília (DF). Faltavam 710 quilômetros.


Matriz de Santa Rosa de Viterbo, a principal igreja católica da cidade. 
Foto: Fernando Mendes.
Matriz de Santa Rosa de Viterbo, a principal igreja católica da cidade. 
Foto: Fernando Mendes.
São Simão (SP). Foto: Fernando Mendes.
Rodovia SP - 330 Via Anhanguera. Foto: Fernando Mendes.
Rodovia SP - 330 Via Anhanguera. Foto: Fernando Mendes.
Rodovia SP - 330 Via Anhanguera. Foto: Fernando Mendes.
Rodovia SP - 330 Via Anhanguera. Foto: Fernando Mendes.
Rodovia SP - 330 Via Anhanguera.
Chegada a Ribeirão Preto (SP). 
Foto: Fernando Mendes.

20º dia

18/01/2016

Ribeirão Preto (SP) a Uberaba (MG)

180 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Deixei Ribeirão Preto (SP) às 8h 10 sob um céu azul-ferrete e com nuvens de brancura láctea, que formavam desenhos desconexos.

Acordei cedo, saí cedo, pois o trecho foi puxado. Além de longo [180 km], muitas subidas, embora de pequena inclinação, todavia extensas.

Com uma hora e meia de pedal, atravessei a Ponte sobre o Rio Pardo, que separa o município de Ribeirão Preto (SP) de Jardinópolis (SP).

Logo em seguida, paralela à Anhanguera (SP-330), passei pela magnífica Ponte Ferroviária da FCA (Ferrovia Centro Atlântica). Um colosso.

Às 12h atravessei o perímetro urbano de Orlândia (SP) e às 13h parei em São Joaquim da Barra (SP) para almoçar.

A partir de São Joaquim da Barra (SP), o bicho pegou. O calor era intenso e o consumo de água idem. E tome protetor solar.

Por volta das 16h, não suportando tanta quentura, parei num posto e tomei banho, com roupa mesmo. Com as vestimentas ensopadas, o corpo agradeceu.

Às 18h 01, cheguei à Ponte sobre o Rio Grande, que separa SP de MG. Nos arredores caia uma chuva isolada.

Depois da ponte veio o trecho mais difícil do dia: os 30 quilômetros finais até Uberaba (MG), em num trecho que se assemelha às corcovas dos camelos. Foi a prova de fogo daquele dia.

Às 20h 10, avistei o letreiro com a inconfundível logomarca da Rede Graal, em Uberaba (MG). Brasília (DF) a 530 quilômetros.


Trecho entre Ribeirão Preto (SP) e Uberaba (MG). Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Ribeirão Preto (SP) e Uberaba (MG).
Ponte Ferroviária em Jardinópolis (SP). Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Ribeirão Preto (SP) e Uberaba (MG).
Divisa SP/MG. Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Ribeirão Preto (SP) e Uberaba (MG).
Divisa SP/MG. Foto: Fernando Mendes.

Trecho entre Ribeirão Preto (SP) e Uberaba (MG).
Divisa SP/MG. Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Ribeirão Preto (SP) e Uberaba (MG).
Divisa SP/MG. Foto: Fernando Mendes.
Rio Grande. Divisa SP/MG. Foto: Fernando Mendes.

21º dia

19/01/2016

Uberaba (MG) a Uberlândia (MG)

105 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>. 
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Diferentemente do que muitos dizem, pensam ou entendem, o Triângulo Mineiro NÃO é formado somente pelos municípios de Araguari, de Uberlândia e de Uberaba.

O Triângulo Mineiro é uma das dez regiões de planejamento ou Macrorregiões do Estado de Minas Gerais e é constituído por 35 municípios, conforme tabela e mapa que se seguem, respectivamente.


OS 35 MUNICÍPIOS DO TRIÂNGULO MINEIRO - 53.719 KM² 

MUNICÍPIOS

POPULAÇÃO

MUNICÍPIOS

POPULAÇÃO

Água Comprida

2.093

Ituiutaba

92.727

Araguari

106.403

Iturama

31.495

Araporã

6.113

Limeira do Oeste

6.492

Cachoeira Dourada

2.470

Monte Alegre de Minas

18.348

Campina Verde

18.680

Pirajuba

3.694

Campo Florido

6.570

Planura

10.289

Canápolis

11.313

Prata

25.511

Capinópolis

15.302

Santa Vitória

15.492

Carneirinho

8.859

São Francisco de Sales

5.167

Cascalho Rico

2.799

Tupaciguara

23.076

Centralina

10.219

Uberaba

287.760

Comendador Gomes

3.087

Uberlândia

608.369

Conceição das Alagoas

20.426

União de Minas

4.593

Conquista

6.580

Veríssimo

3.667

Delta

6.600

Total (35)

1.460.591

Fronteira

13.983

Disponível em:< www.triangulomineiro.com>.

Acesso: 31/01/2016.

Frutal

51.766

Gurinhatã

6.194

Indianópolis

6.244

Ipiaçu

4.191

Itapagipe

14.019

 
Disponível em:<www.researchgate.net/figure/Figura-1-Municipios-da-Mesorregiao-do-Triangulo-Mineiro_277030819>. Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

De Uberaba (MG) a Uberlândia (MG) [105 quilômetros], etapa percorrida em 2 dos 35 municípios de Triângulo Mineiro, a viagem foi feita em área muito deserta, com poucos pontos de apoio e muitas plantações de soja, milho e gado perambulando pelos pastos a mastigar capim. Existem diversas veredas (*), que embelezam o trajeto.

(*) Vereda é um tipo de formação vegetal do Cerrado que ocorre nas florestas-galeria. Caracterizada pelos solos hidromórficos (solos que, em condições naturais, se encontram saturados por água), podem apresentar buritis (da família das palmáceas), em meio a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas e são seguidas pelos campestres.

No cerrado brasileiro são denominados campo limpo, caracterizados por uma topografia amena e úmida, mantendo parte da umidade em estratos de solo superficial e garantindo a umidade mesmo em períodos de seca, tornando-se um refúgio da fauna e flora, assim como local de abastecimento hídrico para os animais [e ciclistas] 

Recebem este nome por serem caminho para a fauna. Comumente encontradas nos Estado de Minas Gerais, Bahia e na Região Centro-Oeste.

Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG01_65_911200585234.html> Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

vereda [s.d] foto color. Disponível em:<https://www.iguiecologia.com/veredas-o-oasis-do-cerrado/>.Acesso:31/01/2016.

Às 10h fui despertado com o barulho [e que barulho!] da chuva castigando as costas quadradas do aparelho de ar-condicionado. Teria um dia bastante molhado.

Mas quando deixei Uberaba (MG), às 12h, após farto almoço, a chuva deu a vez a um mormaço que maçaricava a pele.

O trecho Uberaba (MG) a Uberlândia (MG) assemelha-se a uma montanha russa: subidas fortes e descidas acentuadas. Raras são as partes planas.

Às 13h 30, parada para hidratação no Posto Caxuxa I, 22 quilômetros após Uberaba (MG).

Nova substituição no jogo do tempo meteorológico: as nuvens se foram e o mormaço cedeu lugar ao Sol. O termômetro do GPS assinalava 36°C.

Quando voltei à estrada e ao pedal, o calor era digno de uma sucursal do inferno. Meia hora depois, o tempo fechou e caiu uma chuva de verão, rápida, como um piscar de olhos.

A quentura desprendida do asfalto aumentou a sensação de abafamento.

Após o Caxuxa I, pedalei parcos 14 quilômetros e parada para banho no Posto Tejuco. O calor estava abrasador. Banhei vestido. Assim, na volta à estrada e ao pedal, com as roupas encharcadas, a sensação é deveras refrescante, mas por pouco tempo.

No Posto Caxuxa II, a 57 quilômetros de Uberlândia (MG), açaí na tigela (700 ml). Era energia que faltava. Sentia-me preparado e hidratado e alimentado para encarar 40 quilômetros até o Posto Décio Buriti, nos arredores de Uberlândia (MG), a 17 quilômetros do Hotel Carlton, na área central da cidade.

Quando entrei no Posto Décio Buriti, pneu traseiro furado. Respirei, entrei no estabelecimento, saboreei uma chávena de Café Expresso, precedida por 1/2 litro de água mineral, retornei à área externa do posto, substituí a câmara furada e, aproveitando que estava com a "mão na massa", executei o rodízio dos pneus, enquanto o Sol escorria mansamente para o horizonte, à minha esquerda (oeste), e a Lua Crescente - símbolo das bandeiras de muitos países muçulmanos - se mostrava entre nuvens, à minha direita (leste).

 E assim aconteceu a minha chegada a Uberlândia (MG), às 18h.


Rodovia BR - 050, trecho entre Uberaba (MG) e Uberlândia (MG). 
Foto: Fernando Mendes.
Rodovia BR - 050, trecho entre Uberaba (MG) e Uberlândia (MG). 
Foto: Fernando Mendes.
Rodovia BR - 050, trecho entre Uberaba (MG) e Uberlândia (MG). 
Foto: Fernando Mendes.

Posto Décio em Uberlândia (MG). 
Foto: Fernando Mendes.

22º dia

20/01/2016

Uberlândia (MG) a Catalão (GO)

109 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Uberlândia (MG) é o maior município de Minas Gerais. Foram recenseados 662.362 habitantes [IBGE em 2015].

Eram 10h 30 quando comecei a arriscada aventura daquele 22º dia de viagem: atravessar o perímetro urbano de Uberlândia (MG). Muito movimento, pouco espaço para a bike. Mas quando deixei para trás aquele trecho tenso, retornei à BR - 050 na proa de Araguari (MG), 30 quilômetros à frente.

Uma descida de 10 quilômetros me levou à ponte sobre o Rio Araguari, divisor natural dos municípios de Uberlândia (MG) e Araguari (MG).

Parei para algumas fotos - destaque para a Estação Ferroviária de Stevenson -, aquela que, um dia, foi a mais charmosa do Triângulo Mineiro.

Encarei uma subida de cinco quilômetros até o perímetro urbano de Araguari (MG). Parei para almoçar no Restaurante Paraná. R$ 13,00 o prato. Maravilha.

Quando voltei à bike e à estrada [BR-050], o calor estava no limite do suportável. Ao finalizar a descida da serra de Araguari, deixei a bike encostada no guarda mão da ponte sobre o Rio Jordão e tomei delicioso banho.

Quase meia hora a me deliciar nas águas daquele rio. De volta à lida, zerei uma subida honesta até o trevo de acesso a Monte Carmelo (MG) e Estrela do Sul (MG).

Às 16h, atingi a divisa MG/GO, parei no Restaurante do Baixinho para repor a água.

Pedalei os 34 quilômetros finais até Catalão (GO), com longas subidas.

Às 18h 12, cheguei ao Posto JK e "matei" 500 ml de açaí, o meu combustível em trechos difíceis, como daquele 20/01/2016, dia de São Sebastião. Foram 109 quilômetros percorridos em 7 horas e meia. Deu para o gasto.


Trecho entre Uberlândia (MG) e Catalão (GO). Foto: Fernando Mendes.
Rio Araguari. 
Trecho entre Uberlândia (MG) e Catalão (GO). Foto: Fernando Mendes.

Trecho entre Uberlândia (MG) e Catalão (GO).
Estação ferroviária de Stevenson, monumento turístico localizado às margens da BR- 050, entre Uberlândia (MG) e Araguari (MG). Data de construção do prédio: 1927.
Foto: Fernando Mendes.
Estação ferroviária de Stevenson, monumento turístico localizado às margens
da BR- 050, entre Uberlândia (MG) e Araguari (MG). 
Foto: Fernando Mendes.

A Árvore Solitária. Araguari (MG).
Trecho entre Uberlândia (MG) e Catalão (GO). Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Uberlândia (MG) e Catalão (GO). Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Uberlândia (MG) e Catalão (GO). Foto: Fernando Mendes.
Ponte sobre o Rio Paranaíba. Divisa MG/GO.
Trecho entre Uberlândia (MG) e Catalão (GO). Foto: Fernando Mendes.

ATUALIZAÇÃO: a ponte sobre o Rio Paranaíba (foto acima), que separa naturalmente os Estados de Goiás e Minas Gerais, foi duplicada em 2022.


Trecho entre Uberlândia (MG) e Catalão (GO). Foto: Fernando Mendes.

23º dia

21/01/2016

Catalão (GO) ao Hotel Sonho Verde (GO)

153 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Dia 21/01/2016, 223º aniversário do enforcamento do rei francês Luís XVI, na Praça da Concórdia, em Paris, França.

Após deixar Catalão (GO), as subidas me deram as boas vindas. Até o Posto Eldorado - 20 quilômetros à frente - subi mais do que desci. Almocei no Eldorado.

Cinco quilômetros adiante atravessei a pequena Pires Belo (GO) e pedalei sem parar até o Posto Paulistano. 

Daí adiante, a estrada atravessa um trecho plano, com 35 quilômetros de extensão. A média horária, muito baixa por conta das subidas desde a saída de Catalão (GO), aumentou, dando ritmo mais veloz à viagem.

Por volta das 18h 30, quando passava pelo Posto Ponte Alta, nuvens de chuva que vinham dos 4 pontos cardeais.

Pedalei os 20 quilômetros finais com elas no meu encalce. Foi chegar ao Hotel Sonho Verde e o aguaceiro caiu. Brasília (DF) a 166 quilômetros.


Pires Belos (GO). Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Catalão (GO) e Campo Alegre de Goiás (GO).
Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Catalão (GO) e Campo Alegre de Goiás (GO).
Foto: Fernando Mendes.
Ao fundo, o lago da Usina Hidrelétrica de Serra do Facão. Rio São Marcos. 
Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Catalão (GO) e Campo Alegre de Goiás (GO).
Foto: Fernando Mendes.
Ao fundo, o lago da Usina Hidrelétrica de Serra do Facão. Rio São Marcos. 
Foto: Fernando Mendes.
BR - 050, km 149. Ponte Alta. Foto: Fernando Mendes.

24º dia

22/01/2016

Hotel Sonho Verde (GO) a Brasília (DF)

166 km


Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).
Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/>.
Acesso: 31/01/2016 (com adaptações).

Deixei o Hotel Sonho Verde, localizado no km 128 da BR-050, às 9h 20. Cheiro de chuva no ar. O dia prometia. Até Cristalina (GO), foram 32 quilômetros em subidas leves e longas, que se intervalaram com trechos planos.

Chegada a Cristalina (GO). Foto: Fernando Mendes.

Cheguei à cidade dos cristais às 11h 20. Parei no Posto Lamar para almoçar. E a chuva começou. Inicialmente fraca e logo engrossou. De nada adiantaria ficar parado esperando melhoras no tempo. As nuvens cor de chumbo e muito baixas não deixaram dúvidas: teria tempo ruim pela frente. Vesti casaco impermeável e segui na proa de Brasília (DF), 133 quilômetros à frente.

Passei pelo Posto JK, no meu través leste, ponto no qual se situa a maior altitude do dia: 1.250m. A partir daquele ponto, a estrada [BR-040] inclina levemente para baixo e assim se mantém pelos 28 quilômetros seguintes.

Passei pela última praça de pedágio e pedalei forte, aproveitando o traçado em declive até a Ponte sobre o Rio Furnas. Fiz esse trecho em uma hora. E a chuva castigando.

Parei na Pamonharia Acantus, degustei delicioso pão com linguiça. Após, pé na estrada. Era necessário não perder tempo. A caminho!

Logo à frente atravessei o Rio São Bartolomeu que, naquele ponto, marca a divisa dos municípios de Cristalina (GO) e Luziânia (GO). E tome chuva. Veio um trecho duplicado da BR-040, que ainda não foi liberado ao tráfego. Reinei absoluto por uns 15 quilômetros.

Na serra chamada "Mané Preto", uma borda de chapada com quatro quilômetros de ascensão, a água descia com força pela calha lateral da estrada.


Trecho entre Cristalina (GO) e Brasília (DF). Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Cristalina (GO) e Brasília (DF). Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Cristalina (GO) e Brasília (DF). Foto: Fernando Mendes.
Trecho entre Cristalina (GO) e Brasília (DF). Foto: Fernando Mendes.

Cheguei a Luziânia (GO) por volta das 16h. E veio a parte mais perigosa do dia: atravessar os municípios [goianos] do Entorno do Distrito Federal, com trânsito frenético, pedestres desatentos caminhando pelo acostamento e muita, muita chuva. 

Às 18h passei pela divisa GO/DF. Daquele ponto à minha casa, foram exatos 38 quilômetros. E a chuva castigando. 

Quando entrei no Eixão Sul, o pior dos mundos. A cidade estava sob dilúvio bíblico. Tesourinhas alagadas, carros enguiçados e passagens de pedestres submersas. 

Apesar do caos, cheguei bem à porta da garagem do meu prédio, pouco antes das 20h. Sentia os ossos molhados. Mas cheguei bem. Obrigado a todos que acompanharam, comentaram e deram força.

Foram 1.739 quilômetros percorridos e 23 mil metros de ascensão.

Ou seja, subi, em 24 dias de pedal, quase três Himalaias. Nada mal. Não foi possível tirar mais fotos no último dia por conta das chuvas.

 

Brasília (DF), 31/01/2016.


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